“Fourteen” | Crítica

“Fourteen” | Crítica

Fourteen” é um filme chato e arrastado. A obra de Dan Sallitt  mostra a história de duas jovens que moram no Brooklyn, amigas desde a adolescência, ao longo de uma década.

A atriz Tallie Medel com toda certeza merece o  pouco destaque que o filme te com sua boa performance, focada em detalhes sutis, como a solidária Mara, a qual não consegue escapar da sombra psicológica da melhor amiga Jô interpretada por Norma Kuhling.

A trama foca no quanto tempo Mara, que trabalha e luta de forma dura para ajeitar a própria vida, e até quando está disposta a manter o arduo papel de ser a melhor amiga de Jo. Mara trabalha como professora enquanto faz mestrado. Por outro lado, sua amiga vive mudando de emprego, namorados e sua perspectiva de vida é zero. Mara observa como a escritora Jo é talentosa. E suspirando melancolicamente, diz como daria uma parte do próprio corpo em troca daquele talento. Mara acredita as coisas são mais fáceis para sua amiga.

Magra, alta, inteligente, pelo menos aos olhos de Mara. É possível sentir as frustrações dela. Além disso, fica no ar a pergunta por quanto tempo conseguirá ficar ao lado da sempre volátil Jo, se vale a pena, e o porquê.

O ritmo dessa amizade é demonstrada logo no início, quando o diretor mostra as duas uma ao lado da outra em frente a uma parede. Mara fica à esquerda com os ombros curvados de forma intimidada, e temos Jo fumando um cigarro, morrendo de fome louca para comer algo. Em uma cena do filme, o namorado de Mara sugere a imbecil  ideia de fazer sexo a três. Ela fica pensando quais amigas poderiam topar e observa que Jo poderia dizer sim, mas provavelmente a faria se sentir “invisível”. 

Mara é excelente na cena, a qual sugere o que deseja demonstrando anos de insegurança com nada mais do que uma nota sutil de dor na voz. Quando seu namorado conhece Jo, o mesmo fala que ela não é seu tipo, trazendo uma reação nova em Mara, como se fosse a primeira vez em que a mesma se via mais atraente do que a amiga. A obra tenta ser mergulho na complexidade de uma amizade, e nas as diferentes perspectivas que existem.

Aquele ditado clichesão de como eu te vejo não é como você me vê. Ambas tem sérios problemas psicológicos, os quais não entendemos bem, exacerbados pelo álcool e outras drogas. Vários acidentes dramáticos acontecem ali. O expectador experimenta tais eventos através dos olhos de Mara.

A inteligente e carismática Jo que vemos não parece a pessoa autodestrutiva e potencialmente violenta que parece existir ali quando as câmeras não estão por perto. Ou seja nos deparamos uma obra pra lá de vaga em muitos aspectos. Quando parece que não ter como ficar pior, somos obrigados a ficar atentos à medida em que a história dá alguns saltos no tempo.

Tais saltos dão ao filme um toque sem graça, sem motivo e sem os efeitos especiais dos processos de envelhecimento dos atores. Detalhe que de forma alguma podia ter ficado de fora.

 A narrativa, lenta e incisiva do diretor busca articular os sentimentos de uma forma intensa que vai mudando ao longo do tempo, mostrando como essas relações de amizade podem ser extremamente complexas. Porém tais tentativas na obra não deram certo.