Berlin Alexanderplatz | Crítica

Berlin Alexanderplatz | Crítica

Nesta quinta-feira, dia 18 de fevereiro, a A2 Filmes estreia nos cinemas brasileiros o drama “Berlin Alexanderplatz”. Assistimos o longa com antecedência e contamos agora o que achamos. 

“Berlin Alexanderplatz” é um filme alemão que conta a história de Francis, um refugiado da África Ocidental, que chega a Berlim completamente desamparado, sozinho, e com traumas da viagem clandestina para a Europa. Logo que chega à Alemanha, Francis promete que dali em diante levaria uma vida honesta, infelizmente ele acaba sendo levado pelas circunstâncias de sua pobreza e isolamento a tomar decisões imorais e algumas vezes criminosas. Assim, o filme faz uma discussão importante sobre o quanto podemos ser influenciados por certos ambientes e/ou pessoas e sobre a vida dos refugiados nos países que deveriam acolhê-los. 

O longa tem o mesmo nome de um livro publicado em 1929 que conta a história de um operário alemão que se vê marginalizado pela sociedade depois que sai da cadeia. Ele promete ser uma pessoa melhor uma vez que tem sua liberdade novamente e é forçado a tomar várias decisões que quebram essa promessa. Soa familiar? Sem dúvida, a proposta do filme é ser uma adaptação “modernizada” do livro já que a história é a mesma, somente com alguns detalhes diferentes: nomes de personagens, situações e os grandes eventos que puxam a narrativa adiante são os mesmos. Por conta disso, a experiência do espectador é imensamente enriquecida se ele tem esse contexto e está ciente do diálogo que o filme está propondo com o livro. Sem isso, o filme continua interessante, mas fica evidente que algo está faltando. 

Em relação aos aspectos técnicos, as atuações são o que mais chama a atenção. Destaque para Albrecht Schuch que interpreta Reinhold, capaz de despertar carinho e empatia em um momento e no próximo, profunda repulsa. No geral, o filme é bem longo – 3 horas de duração –, provavelmente pra dar tempo de encaixar todos os acontecimentos do livro, o que acaba deixando a experiência desgastante. Apesar disso, por causa da quantidade de altos e baixos da vida de Francis, o filme consegue ser dinâmico e mantém o interesse durante todo o tempo. 

Definitivamente, o mais estimulante é a discussão social que o filme apresenta não só ao retratar a difícil vida do refugiado/imigrante num país desenvolvido, mas também com a reflexão histórica e social que se torna obrigatória ao usar a história do livro Berlin Alexanderplatz.

É um filme sobre indivíduos marginalizados e o que realmente significa ter que sobreviver à margem de uma comunidade que não oferece nenhuma abertura e/ou oportunidade. Também é um filme sobre o quanto essa história publicada em 1929 continua atual e plausível e o que isso diz sobre a sociedade em que vivemos. É um filme que demanda não só tempo, mas atenção e raciocínio, e vale a pena dar todos à Berlin Alexanderplatz.