Barriga de aluguel é tema de “O Poder de Diane”, que estreia em 18 de outubro
“O Poder de Diane”, um dos destaques da edição deste ano do Festival Varilux de Cinema Francês, entra em cartaz no dia 18 de outubro em Brasília, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, com distribuição da Bonfilm. O longa conta a história de Diane, que ao ser convidada para gerar o bebê de seus melhores amigos, Thomas e Jacques, não hesita nem por um momento em aceitar a proposta. No entanto, a situação se complica quando ela se apaixona por seu eletricista, Fabrizio. No filme, o diretor e roteirista Fabien Gorgeart usa o pretexto da barriga de aluguel para falar sobre os novos códigos de casais e da ruptura dos modelos familiares tradicionais.
No trailer, Diane realiza suas atividades diárias normalmente durante a gravidez e não se apega ao bebê. Enquanto os pais discutem se querem ou não saber o sexo do filho, ela diz: “Façam o que quiserem. Eu não ligo”. Já com a gestação avançada, Fabrizio a questiona: “Você acha que vai conseguir se separar assim? Em um estalar de dedos?”. Ao que ela responde: “É bem assim que eu quero que seja. Nunca quis ter filhos. Não é para mim”.
Em seu primeiro longa-metragem, Fabien Gorgeart discute mais uma vez o tema da parentalidade, que já havia abordado nos curtas “Le sens de l’orientation” e “Un chien de ma chienne”. “Vivemos em uma época na qual as fronteiras estão sendo redefinidas pelos casais no que diz respeito à descendência. Hoje, filiação e linhagem estão se libertando de modelos parentais tradicionais, e, como resultado disso, pontos de referência da sociedade são virados de cabeça para baixo”, comenta.
No entanto, seu objetivo não foi definir no filme um posicionamento sobre o que a barriga de aluguel implica. Em “O Poder de Diane”, Gorgeart mostra um ato de pura generosidade, que acaba por confrontar os personagens com dilemas e emoções inesperadas. Diane, a princípio, encara a gravidez como uma inconsequência, até que esta se torna uma verdadeira missão altruísta. Já Thomas e Jacques tentam estar presentes na gestação da forma como podem, mostrando uma apreensão comum a maioria dos futuros pais, e sua legitimidade nunca é questionada.
A reação mais inesperada, contudo, vem justamente de Fabrizio, que cria uma ligação profunda com a gestação de Diane. “Se estamos preocupados com o vínculo que Diane vai ter com a criança, nem sequer pensamos em medir o vínculo que está sendo formado entre Fabrizio e o feto. Esta é outra maneira de olhar para a questão da criação de vínculos. Compartilhar um forte relacionamento com alguém também não é sobre desenvolver laços que unem?”, questiona o diretor.
O papel principal de “O Poder de Diane” foi escrito especialmente para Clotilde Hesme, após ela trabalhar com o diretor em “La Collection – Écrire pour… le jeu des sept familles”. A atriz, que venceu o César de Melhor Atriz Revelação em 2012, já tem uma impressionante carreira junto a diretores exigentes e experientes, como Bertrand Bonello, os irmãos Larrieu e Christophe Honoré. “A atuação de Clotilde é ao mesmo tempo séria e delicada, relaxada e meticulosa. O corpo de Diane é desproporcional em comparação aos homens que a cercam: eles são todos menores e mais fracos do que ela, o que a torna ‘maior que a vida’”, comenta Gorgeart.