Tempo | Crítica

Tempo | Crítica

Estreia hoje (29) nos cinemas o mais novo projeto do grande diretor M. Night Shyamalan, o suspense “Tempo”. Já assistimos o filme, a convite da Universal Pictures, e contamos agora o que achamos.

O  enredo acompanha uma família de férias que descobre uma praia paradisíaca onde decidem relaxar por algumas horas. Entretanto, eles percebem que o lugar os está fazendo envelhecer rapidamente, reduzindo assim seus tempos de vida, instaurando pânico e uma série de acontecimentos bizarros.  

Shyamalan “arriscou” em usar como base de seu novo longa uma história bem complicada de se adaptar, dados os contextos da HQ de origem, Castelo de Areia, e obteve resultado positivo, mesmo que causando um impacto diferente do esperado, com uma mensagem alternativa ao final dessa jornada. 

É um tanto complexo criar um sentimento imparcial quanto ao filme, pois me apeguei a história da HQ, e por mais que tenha sido adaptado muito da história como referência, outras tantas coisas são diferentes. Se a HQ tem particularidades interessantes e questões mais abertas a interpretações, o longa apresentou de maneira muito explicativa algumas questões quando podia deixar que cada um criasse sua teoria, além de um último ato totalmente insólito, se desvinculando totalmente ao original. 

Um erro dentro do roteiro foi dar margem a misturar o sobrenatural ao que poderia ser verossímil, causando absurdos que acabam ficando sem explicações lógicas, apenas deixando pra lá algumas questões e colocando a motivação dos acontecimentos ao enigmático. Outro detalhe que tornaria a experiência ainda mais intensa seria aumentar a classificação indicativa e optar pelo lado mais explícito da abordagem, um atrevimento maior nas mortes e em questões corporais e sexuais. Essa história merecia um “choque” realista no público, além da mensagem que entrega, e com toda certeza o impacto seria ainda maior.

Sem grandes momentos de sustos, ou “jump scares”, a tensão é feita com a séries de acontecimentos que vão se sucedendo um atrás do outro. O diretor deixa com que fatos extraordinários criem pontos de interrogação durante todo o desenvolvimento, obrigando o espectador a ficar atento e querer finalizar e entender o que se passa naquela praia. 

Com uma abordagem instigante, a história proporciona questionamentos sérios sobre as fases da nossa vida, a sociedade e suas percepções e o como lidamos com o tempo e o envelhecimento. Porém, fica a dica também para o belíssimo trabalho da HQ de Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, que serviu como base ao filme e possui um final diferente e superior ao apresentado. 

Tempo é um bom filme, mas está longe de ser a melhor obra de Shyamalan.