Maligno | Crítica

Maligno | Crítica

Maligno estreia hoje (09) nos cinemas. Nosso colaborador, Bruno Sangregório, assistiu o terror, a convite da Warner Bros. Pictures, e conta agora o que achou.

MALIGNO conta a história de Madison. Uma mulher de 30 e poucos que de alguma forma, consegue acessar terríveis visões de assassinatos enquanto eles acontecem. Ela se dá conta de que estes sonhos acordados são, de fato, realidades aterradoras e isso a impulsiona em uma busca por resolução.

Com propostas mirabolantes mas pouco acertivas, Maligno procura – através de uma trama disfarçada de sobrenatural – conduzir seu público à uma história de Paranóia e Assassinato contando sempre com o benefício da dúvida, pois o conflito do “e se” existe, ele é real e faz parte da linha narrativa. O filme parece se levar a sério demais, com proposta de grande reviravolta ao final, porém, além de obviedade e da fácil antecipação dos acontecimentos, o filme conta demais com a suspensão da descrença por parte do publico, o que faz quebrar a experiência cinematográfica ao lembra-lo constantemente de que aquele é “só um grande experimento do cineasta”.

James Wan tem sua carreira pautada por filmes de horror, tendo em seu curriculo grandes acertos, como por exemplo o primeiro JOGOS MORTAIS (2004) e as franquias SOBRENATURAL (2010-2013) e INVOCAÇÃO DO MAL (2013-2016). Por seu diferencial em sua forma de contar histórias de gênero, James Wan caiu na graça do publico e crítica por suas diferentes propostas apresentadas, tanto em sua estética com propostas de planos muito bem definidos, movimentação de camera e trilhas que tendem a criar um pano de fundo e toda uma tensão na medida certa e também nos acertos em relação aos efeitos práticos e especiais, sobretudo, por sua condução da narrativa.

Porém, o cineasta também vem se aventurando em grandes blockbusters como Aquaman e Velozes e Furiosos, por exemplo. Maligno por sua vez, vem num momento muito específico de sua carreira, pois após grandes sucessos como: Aquaman (filme de super herói da DC de 2018, cuja sequência já está em Produção e a direção também fica a cargo de Wan) e Invocação do Mal (franquia tida como fenômeno aos olhos do público e crítica), James Wan se vê na necessidade de fazer algo menor e aproveita esse período de introspecção imposta pela Pandemia do covid-19 para voltar ao “menos é mais” e brincar neste ambiente que é a produção de forma “Independente” (porém, com um orçamento mais acessível e com todo o know-how obtido na condução dos filmes de herói).

Certamente James Wan se divertiu conduzindo as gravações de Maligno pois a todo o momento é possível ver o dedo do diretor em um plano ou outro, nas interpretações, nas cenas de drone/grua, nas coreografias em cenas de luta, etc… A questão aqui é que enquanto um “possível experimento”, o filme não se basta como obra.

A história é simples e tem um plot interessante, porém, toda a sua condução acontece de forma desastrosa. A trilha sonora é boa, mas parece descolada (a impressão é que se apropriaram de uma trilha composta para outro filme e encaixaram ali), além de estupidamente alta e conta com pouquíssimos tempos de silêncio, o que é péssimo! (Sério que em 15min de filme eu já estava irritado na poltrona esperando que o filme terminasse logo).

As interpretações não são ótimas, mas também não comprometem. Mais uma vez o que me chama a atenção é a condução do diretor. É perceptível a forma como ele conduziu seu elenco para o resultado que esperava e com isso, é possível perceber marcações de cena e existe muita canastrice desnecessária. Não sei ao certo se a ideia era trazer um nível de interpretação que fizesse referencia a alguma época específica (talvez a filmes trashs dos anos 80, embora o filme se passe nos dias atuais), mas tudo me parece muito artificial.

Gosto da opção de James Wan enquanto Diretor e Roteirista (junto com Ingrid Bisu e Akela Cooper) de deixar um pouco de lado a questão SOBRENATURAL e trazer uma trama mais física e psicológica para este filme. Seria realmente muito interessante se eles tivessem efetivamente optado pelo “mais é menos”, mas junto com essa proposta é trazida a tona toda a sua vivencia em filmes de heróis e conceitos como força sobre-humana e interferencia em equipamentos eletrônicos são simplesmente jogados na trama (na nossa cara) sem nenhuma explicação plausível e só o que fazem, é reforçar as escolhas óbvias da direção e justificar sua montagem (trilha-sonora, fotografia, jump scares e etc…) e o clímax final.

Basicamente, Maligno conta com uma premissa interessante, mas que por uma visão equivocada e/ou pretensiosa demais dos realizadores, acaba sendo “inflada” demais e o filme acaba saindo dos trilhos antes mesmo de começar a sua viagem. O desempenho mediano do elenco e seus diálogos expositivos; a necessidade absurda de chamar atenção para a sua montagem, tanto na fotografia e na direção de cena, quanto na trilha sonora; as facilitações do roteiro… Tudo é muito plástico e tudo soa falso a todo o momento.

É possível curtir, se você for um amante do gênero, mas nada ali pode ser levado a sério. A forma como a história está sendo contada claramente é mais importante do que a história em questão, então esse “experimento” pode ter custado caro e isso, só as bilheterias dirão.