Dia do Quadrinho Nacional | Angelo Agostini e a primeira história em quadrinhos do Brasil

Dia do Quadrinho Nacional | Angelo Agostini e a primeira história em quadrinhos do Brasil

Criado pela Associação dos Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo em 1984, o dia 30 de janeiro é celebrado o Dia do Quadrinho Nacional e um de seus percursores no país foi o ítalo-brasileiro Angelo Agostini.

As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte” é um dos quadrinhos mais antigos que se têm registro não só no Brasil, mas também no mundo. Publicado na revista Vida Fluminense em 30 de janeiro de 1869 é um retrato da sociedade da época com as percepções de Nhô Quim, um caipira recém-chegado no Rio de Janeiro.

(Fonte: Arquivo / Senado Federal)

O italiano Angelo Agostini chegou ao Brasil com 16 anos de idade e aos 21 anos, em 1864, fundou o “Diabo Coxo“, o primeiro jornal totalmente ilustrado em São Paulo. A partir desse momento, o italiano iniciou sua carreira de cartunista no Brasil.

Esse humor gráfico de Agostini passou a ter uma sequencialidade, assemelhando-se ao que hoje conhecemos por Histórias em Quadrinhos e em 1869, ele cria uma narrativa gráfica chamada de “As Aventuras de Nhô Quim“.

Os artifícios de balões usados para sugerir diálogos não eram utilizados nessa época, os textos explicativos das cenas eram colocados embaixo das imagens.

(Fonte: Arquivo / Senado Federal)

Com traços bem realistas que era o padrão do século XIX, Angelo Agostini fazia constantes críticas ao sistema monárquico e a escravidão pelo qual o Brasil passava. Dom Pedro II era constantemente alvo das caricaturas de Agostini naquela época, além de diversas outras caricaturas.

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Dom Pedro II era alvo de caricaturas (Fonte: Internet)

Crítico do cotidiano e da política, Agostini serviu de inspiração ao Prêmio Angelo Agostini, concedido anualmente pela Associação de Quadrinistas e Caricaturistas de São Paulo aos melhores do ramo, considerada a mais tradicional premiação da categoria.

O surgimento das histórias em quadrinhos, no entanto, é alvo de muitos debates. Os Estados Unidos reivindicam esse ‘status’ com “The Yellow Kid“, criado por William Randolph Hearst em 1896; porém outros exemplos já tinham surgido em diferentes localidades do mundo bem antes da publicação norte-americana, incluindo a de Angelo Agostini no Brasil.

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“The Yellow Kid” criado por William Randolph Hearst (Fonte: Internet/Curly Turkey)

Aqui no Brasil, a primeira revista em quadrinhos voltada para o público infantil surge em 1905 com a publicação de “O Tico-Tico“. Lançada pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e SilvaO Tico-Tico” circulou no país até 1977.

O personagem mais famoso da revista era Chiquinho que, anos mais tarde, nos anos 1950, foi acusado de plágio por ser uma cópia não-autorizada de Buster Brown, criado por Richard Felton Outcault.

Comparação entre os personagens

Algo curioso da revista brasileira também foi o fato do famoso personagem da DisneyMickey Mouse faz sua estreia em quadrinhos no país em 1930 nas páginas de “O Tico-Tico“, naquela época, ele era chamado de Ratinho Curioso.

Reprodução da revista publicada em 1931 (Fonte: Internet)

Somente a partir de 1934 é que começam a surgir, vindas dos Estados Unidos, as revistas em quadrinhos que conhecemos atualmente.