“Chicuarotes” | Crítica

“Chicuarotes” | Crítica

É quase impossível um filme criar conexão com o público logo em seu início. Assim, “Chicuarotes“, novo filme do ator e diretor Gael García Bernal, ousa e não poupa esforços para causar impacto.

Cagalera (Benny Emmanuel) e Moloteco (Gabriel Carbajal) estão em um ônibus tentando fazer piadas em busca de dinheiro. Fantasiados de palhaço, acabam não chamando a atenção de ninguém ali dentro.

Tal situação, foi impressionantemente filmada por Gael García Bernal, ao deixar a câmera girar em um plano sequência mais que perfeito. Essa cena acaba sendo realmente sentida quando a verdadeira intenção deles cai por terra: Assaltar os passageiros!

(Imagem: Supo Mungam Films)

Ao estabelecer essa ligação ao mundo real somos apresentado ao universo deles. É interessantíssimo a forma como Bernal propõe a obra, todo aquele ambiente é apresentado em pouco espaço, e mesmo assim dando oportunidade aos personagens surgirem fortemente em cena.

O pai bêbado e agressivo surge, causando um lado de imponência perante aos protagonistas. A mãe, tenta sobreviver em meio a tudo.

(Imagem: Supo Mungam Films)

A parte mais interessante desta câmera de Bernal está em como esses dois personagens estão em uma realidade destruída. Como chegou ao ponto deles cometerem crimes e incendiarem o ambiente na qual estão. O diretor não coloca ninguém dentro desse mundo como totalmente santo ou totalmente mal.

O maior objetivo é observação, quase um olhar etnográfico. Bernal parece realmente querer aprofundar visões sobre essa realidade social.

Chicuarotes” é uma obra primordial ao cinema  neorrealista. Gael García Bernal faz um trabalho bem interessante,  trazendo os olhares para a necessidade das pequenas relações. Mesmo que muito mais difíceis e diferentes do que se imagina.