A Lenda de Candyman | Crítica

A Lenda de Candyman | Crítica

“A Lenda de Candyman” estreia hoje (26) nos cinemas. Assistimos o longa na cabine de imprensa, a convite da Universal Pictures, e contamos agora o que achamos.

Candyman foi um grande marco nos anos 90, bem avaliado pela crítica, por saber mesclar uma mensagem importante a um teor de suspense de modo muito bem produzido, inclusive dando visibilidade negra nos cinemas, que na época (e ainda hoje é claro) é pouco explorada. 

Após três filmes de uma franquia que aparentemente deu certo (apesar dos 2 últimos lançados, em 1995 e 1999 não obterem o mesmo sucesso comercial que o primeiro), Nia DaCosta teve a difícil missão de criar um reboot que fizesse sentido aos dias atuais e que obtivesse boas referências ao que já foi trabalhado antes. Nada melhor, então, do que contar com um dos melhores diretores de terror da atualidade quando o assunto é gerar discussão sobre raça, Jordan Peele, que como produtor nessa empreitada auxiliou de modo brilhante, e em alguns momentos até vemos os seus perceptíveis pitacos dentro do enredo.

Sobre a nova adaptação, Nia capturou toda a intensidade que a história de Candyman carrega e, entregou algo original e muito além do esperando, conseguindo unir o terror por trás da lenda e acrescentando veracidade atual, tanto relacionado ao racismo quanto a gentrificação.

Com nenhum “jumpscare” desnecessário ou uso excessivo de sangue, muito menos poluição sonora exacerbada, o terror de fato é entregue pelo roteiro, dando atenção ao que precisa ser dito sem oferecer nada fácil, a crítica social é presente e angustiante para quem a entende.

Com atos bem construídos, o filme pode parecer lento a princípio, mas narra o contexto onde tudo é inserido e não cria ponto sem nó, toda subjetividade de seu desenvolvimento cria sentido em seu desfecho.

Uma denúncia urgente em vários ângulos sobre como o povo negro tem sido tratado e visto, em âmbito habitacional, com visão criativa e artística sim, incluso num filme de terror onde o assassino é uma entidade, onde tudo poderia ser utópico, mas não é isso que acontece.

Longe de ser um entretenimento fugaz, apesar de seu gênero, “A Lenda de Candyman” traz um desfecho que causa arrepios só de lembrar, tamanha a importância que carrega, ao ponto de me fazer permanecer na sala enquanto subiam os créditos. 

(Inclusive vale a pena acompanhar, não por ter cena pós-crédito, mas durante, vemos histórias que não foram melhor detalhadas no filme e são contadas com bonequinhos de papel “suavizando” o horror, sem descartar a intensidade). 

Fica aí uma ótima dica para amantes de terror a voltar ao cinema, com um filme de alto nível.