Soldado Estrangeiro – Documentário | Crítica
O Documentário de José Joffily e Pedro Rossi retrata três perspectivas diferentes de brasileiros que possuem o mesmo objetivo, ser soldado de um grande exército de uma nação estrangeira. O filme escolhe três níveis distintos, o aspirante ao exército, o combatente e o veterano, tratando de sonhos e desejos diferentes desses jovens que largam o seu país de origem para defender outra bandeira, seja por um sonho ou pela necessidade de sustento para a família.
Uma visão bastante curiosa e desconhecida, que nos coloca dentro do ambiente e da realidade desses homens, desde seu rigoroso processo de seleção, até as consequências que essas escolhas carregam. Fato que ganha ainda mais veracidade pelo posicionamento e enquadramento próximo das câmeras. Uma narrativa sem locutor, trabalhando somente com uma visão intimista e diálogos de seus personagens, o que deixa muita coisa dita apenas por expressões ou silêncio dos envolvidos na história.
O primeiro personagem mostrado é o aspirante, um jovem da periferia do Rio de Janeiro, que deixa sua família para trás e segue rumo à França, com o sonho de integrar a Legião Estrangeira. O documentário mostra o rigoroso processo de seleção de homens de diferentes nacionalidades que lutam por uma vaga, muitas vezes fugindo da violência e da pobreza de seu país de origem, e sem ligação afetiva nenhuma com a nação que vai defender.
O segundo personagem é um soldado, um jovem de classe média de São Paulo, que serve o exército israelense em uma base militar na Cisjordânia. Apesar da pouca idade, o soldado se mostra bastante adaptado à função, aproveitando de benefícios que lhe são oferecidos, como moradia e estudo.
Já o terceiro perfil é o de um veterano, que mora nos Estados Unidos, e que já serviu como fuzileiro naval nas forças armadas americanas e atuou no Afeganistão, o que lhe deixou marcas, vícios e traumas comuns em ex-combatentes.
Um retrato bastante intimista, que coloca o espectador dentro da realidade desses brasileiros que abdicam da sua nação, para defender outros países, seja pelo sonho de ser militar ou mesmo pela necessidade de manter financeiramente a sua família no Brasil.
Apesar de não haver relação direta entre as três histórias, o filme deixa o sentido do trajeto que o personagem vai percorrer, desde o árduo caminho de seleção, o conforto pela conquista e os resultados que são causados às pessoas que convivem em zona de conflito, observando a morte de civis inocentes em luta por um país que não é seu.
As histórias são intercaladas com trechos do livro ““Johnny Vai à Guerra”, de Dalton Trumbo, romance de 1939”.