Sérgio – filme da Netflix | Crítica

Sérgio – filme da Netflix | Crítica

Recém lançado na Netflix, o filme traz a história de Sérgio Vieira de Mello, importante diplomata brasileiro da ONU, durante 34 anos e que acabou morto em um atentado em Bagdá.

Assim como no documentário de mesmo nome produzido em 2009, a direção é assinada por Greg Barker, que apresenta diferenças entre as duas produções, porém mantém o roteiro alinhado com a obra de Samantha Power “O homem que queria salvar o mundo”.

O longa traz o ator brasileiro Wagner Moura no papel principal, com uma atuação louvável, ainda mais levando em conta que quase todo o filme é dialogado em inglês, com pequenos trechos em espanhol e português. Moura divide o protagonismo com Ana de Armas, que vive sua esposa, Carolina Larrieira, que ele conhece durante uma de suas missões, fato retratado no filme. O romance, aliás, é o grande apelo desse filme, que deixa de lado questões e discussões políticas mais aprofundadas para mostrar o relacionamento de amor entre os dois personagens.

Sérgio é mostrado no filme como um sujeito de fácil trato, inteligente, carismático e de riso constante, que se envolve intimamente com a população do local de suas missões. E, entre tantas missões durante a sua vida, o filme retrata em especial três delas, no Timor Leste, na luta pela independência; no Camboja, no regime ditatorial e sangrento dos Khmers Vermelhos; e no Iraque, local ocupado pelos Estados Unidos, após a queda de Saddam Hussein. A missão em Bagdá é a que mais incomoda Sérgio, que sempre se mostrou resistente em participar, já que não concordava com a forma com que os Estados Unidos estavam levando essa tomada de poder. Mas convencido pelo governo americano, ele acaba indo participar dessa missão, que inicialmente duraria quatro meses, mas que acaba o levando a morte.

A trama ainda traz a relação difícil e distante de Sérgio com seus filhos, mais uma vez apelando para o emocional da história. Um dos pontos que talvez seja mais confuso, é a narrativa criada pelo diretor, entre passado e futuro, que deixa a história dando voltas no tempo, de forma mal estruturada, podendo deixar o espectador perdido.

Outro ponto interessante do filme é o discurso de Kofi Annan, amigo pessoal de Sérgio, que o considerava como seu sucessor: “Único oficial de alto escalão que todos chamam pelo primeiro nome, Sérgio”, declarou o então secretário geral da ONU.

Um filme que vale muito a pena assistir para se conhecer mais sobre esse personagem brasileiro tão reconhecido no mundo por sua humanidade e carisma, muito bem vivido na atuação de Wagner Moura.