Rosa e Momo (Netflix) | Crítica de filme com Sophia Loren
Rosa e Momo, um filme que trouxe de volta às telas a consagrada atriz Sophia Loren, e já por isso, mereceu nossa atenção a essa produção original da Netflix.
A história do longa é inspirada no romance de Romain Gary, que já teve uma adaptação para o cinema em 1977.
O enredo conta a história de Momo (Ibrahima Gueye), um menino senegalês órfão que vive na Itália sob os cuidados de um médico, o Dr. Coen (Renato Carpentieri), e leva a sua vida fazendo pequenos furtos e traficando drogas, até ter seu caminho cruzado com o de Rosa (Sophia Loren), uma judia que teve parte da sua infância no campo de concentração de Auschwitz, e hoje cuida de crianças, filhos de prostitutas, em troca de uma ajuda financeira.
Nesse percurso, a pedido de Dr. Coen, que precisa se ausentar, ela recebe em sua casa o pequeno Momo, o menino que a roubou, fato que faz com que a relação de início seja conturbada e com certa rejeição de ambos os lados. Mas o que parecia ser uma convivência improvável faz surgir um grande sentimento de amizade, confiança e companheirismo.
Duas pessoas aparentemente distintas, mas que encontram na alma uma similaridade impressionante, principalmente por ambos terem uma infância sofrida, marcada pelo preconceito e por convívio com conflitos e intolerância. E o passado de Rosa volta para visitá-la constantemente, mostrando as marcas que o sofrimento deixou em sua alma, e que ainda impactam nas suas atitudes.
Um paralelo interessante que é feito no filme, é da história do menino com a do clássico literário “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, pela semelhança entre o personagem principal do livro, Jean Valjean e o menino Momo, vistos por muitos como pessoas ruins, mas que diante de uma perspectiva diferente, carregam uma bondade enorme em seus corações, mostrando que o passado não define o caráter de uma pessoa.
Aliás, uma grande lição do filme é demonstrada que muito do que nós somos é resultado do meio em que vivemos, e que alguns agentes transformadores, podem mudar nosso mundo ao entenderem e acreditarem na bondade que existe em nós.
Um filme simples, mas extremamente profundo, com uma atuação digna de aplausos de Sophia Loren, que encarna as marcas de sofrimento da personagem, e que com o olhar consegue nos passar mensagens que constroem essa linda história.
E, claro, não podemos deixar de falar do jovem ator Ibrahima Gueye, que se sai de forma perfeita ao contracenar com uma das maiores atrizes da história do cinema, e nos faz sentir um misto de sensações pelo menino Momo, passando instantaneamente e durante diversos momentos, do amor ao ódio.
Talvez o único ponto de destaque negativo no filme é a falta de profundidade na história de Rosa, por se tratar de um passado marcante do Holocausto, esperávamos conhecer um pouco mais sobre as marcas que formaram aquela mulher, que em alguns momentos demonstra força e em outros uma fraqueza incontrolável.
O filme está disponível na Netflix.