Quando Hitler roubou o coelho cor-de-rosa | Crítica
Baseado no famoso best-seller de Judith Kerr,“Quando Hitler roubou o coelho cor-de-rosa” chega aos cinemas brasileiros pela A2 Filmes hoje, 10 de dezembro de 2020.
Já assistimos com exclusividade e contamos agora o que achamos.
O filme alemão “Quando Hitler roubou o coelho cor-de-rosa” acompanha uma família judia alemã que se vê obrigada a fugir do país quando Hitler sobe ao poder em 1933.
É uma história tocante e complexa que acompanhamos pelos olhos de Anna, menina de nove anos que se encontra numa situação inesperada de exílio e pobreza com sua família. Esta perspectiva infantil deixa o filme ainda mais sensível e palpável, por exemplo, quando vemos as dificuldades de estar numa sala de aula sem entender a língua ou quando ela sente falta de seu coelho cor-de-rosa.
A primeira cena simboliza muito bem o tom do filme e sua mensagem: uma festa infantil está acontecendo, todos usando fantasias, muita comida e correria, a música está animada e o clima descontraído. De repente entram três garotos altos com fardas nazistas, olhando sérios para todo o salão e começam a perseguir Anna, que se esconde embaixo de uma mesa.
Os nazistas literalmente “estragaram a festa”. Essa cena também resume o foco principal do longa: pessoas, não eventos históricos longínquos ou tragédias amorfas. Está mais interessado em explorar o efeito dos acontecimentos na vida das pessoas do que o acontecimento em si.
Neste sentido, é impressionante como Riva Krymalowski (Anna) consegue agir tão naturalmente em frente às câmeras e manter uma inocência valiosa, já que ela é a protagonista e muito responsável pela grande empatia que toda a família causa ao espectador. Prova desta ingenuidade especial é quando a família descobre que seus pertences deixados em Berlim foram confiscadospelo governo nazista e ela diz: “espero que Hitler cuide bem do meu coelho”.
Quanto aos aspectos negativos, poucos são os que chamam atenção. No entanto, dois são dignos de nota: (I) alguns momentos em que computação gráfica foi utilizada de uma maneira óbvia demais a ponto de tirar a imersão do espectador e (II) o final um tanto anticlimático deixando a jornada sem um fim satisfatório.
Usando um dos livros juvenis mais lidos de todos os tempos, baseado na história real da autora Judith Kerr, “Quando Hitler roubou o coelho cor-de-rosa” é uma experiência muito enriquecedora para quem se interessa por filmes históricos e/ou baseados em fatos reais.
Traz um olhar emocionante das várias tragédias que aconteceram com o povo judeu ao longo do século XX e é uma das várias histórias que precisam continuar a ser contadas até que todos entendam as consequências dos discursos de ódio e do preconceito.