“Pastor Claudio”: O documentário chocante e frio sobre os horrores da Ditadura no Brasil
No documentário Pastor Claudio, dirigido, escrito e produzido por Beth Formaggini, vemos Cláudio Guerra, ex-delegado do DOPS e atual pastor evangélico, agir com frieza e calma enquanto conta sobre os horrores que participou durante a ditadura militar no Brasil.
Claudio Guerra foi responsável pela execução de nove presos políticos e auxiliou na incineração de cadáveres de muitos outros. A falta de pudor do ex-delegado para contar cada um dos casos e tudo o que presenciou é de revirar o estômago.
Entrevistado por Eduardo Passos, psicólogo e militante dos Direitos Humanos, Cláudio Guerra é sobreposto por imagens projetadas que mostram nomes e fotos de presos políticos que foram mortos durante o período.
O ex-delegado olha para as fotos e nomes apenas relatando tudo o que presenciou com uma naturalidade que revolta quem assiste.
Logo no início do filme, Claudio Guerra faz questão de voltar e pegar sua Bíblia antes de começar a gravar o documentário. Assim ele passa todo o tempo em cena, sentado, pleno, sereno e com a Bíblia em suas mãos, como se aquele artifício o isentasse de qualquer mal que provocou a vida de muita gente. Uma isenção que ele mesmo parece ter se autodenominado, ao explicar que já tem um livro publicado contando tudo o que fez.
Claramente esse é o pensamento Claudio Guerra, que parece acreditar que sua alma está “salva”, já que ele confessou seus pecados e se tornou um pastor evangélico. Ele não fala sobre isso, mas sua atitude perante as perguntas de Passos deixa bem claro.
A diretora Beth Formaggini observa o Brasil em que vivemos hoje, um país afundado em uma realidade corrupta e completamente polarizada.
Há quem diga que “bom era o tempo da ditadura”, que apenas quem “merecia” era torturado e morto, o impactante Pastor Cláudio deve ser visto e debatido. Ele é uma perfeita aula de história.