“Papicha” | Crítica

“Papicha” | Crítica

Papicha”, filme que chegou nesta quinta-feira, 31/10, nos cinemas é duro e indigesto, mas que precisa ser visto! Ele nos conta não só a historia de Nedjma, mas a de várias mulheres que sofrem com o alienismo religioso e os costumes retrógrados.

Na obra conhecemos a jovem apelidada por “papicha”, que cursa a universidade e sonha em ser estilista. A personagem deseja apenas levar uma vida normal, vendendo suas peças e organizando desfiles.

(Imagem: Divulgação/Pandora Filmes)

A escolha da diretora Mounia Meddour para dirigir esta polêmica obra não foi a toa, pois só uma mulher seria capaz de reproduzir a dor que aquelas moças sentiram ao ter sua liberdade e seus familiares arrancados delas. Emocionante e impactante, a obra tem sua força na interpretação de Lyna Khoudri e seu grupo, que juntas e na mesma medida demonstram momentos de felicidade, agonia e sofrimento.

O roteiro por vezes explosivo em sentimentos da vida ao filme de uma forma agoniante e assustadora de tão perfeito. Entre muitas vias de passagem, a obra possui uma história as vezes agridoce, outra hora esperançosa , mas também muito injusta.

(Imagem: Divulgação/Pandora Filmes)

O conservadorismo nojento vai de encontro a inocência e simplicidade daquelas mulheres, que em nenhum momento deixam de ser fortes e guerreiras. Constituído por recortes rápidos e muitos planos fechados a obra se mostrou muito eficiente em todas questões envolvidas e não menospreza nada. Até as cenas exageradas que abordam religião são bastante eficazes.

Papicha” é um filme contra o extremismo, o obscurantismo e o fanatismo religioso. A obra nos deixa tensos, grudados na poltrona, até porque é muito fácil amar e se importar com todas aquelas mulheres.

(Imagem: Divulgação/Pandora Filmes)

Papicha” é um filme poderoso. A mensagem por trás de suas cenas violentas inesperadas ajudam a compôr uma narrativa memorável que mostra a realidade de um país . É incômodo, é forte, é potente é um chute na cara.

É uma obra que vai ficar na cabeça por um longo tempo.

Proibido na Argélia, ironicamente o filme é o representante do país no Oscar 2020.