Os Órfãos | Crítica
O horror psicológico Os Órfãos, da Universal Pictures, estreia amanhã (30/01) nos cinemas e tem como pano de fundo a clássica história do escritor Henry James, A Volta do Parafuso, publicada em 1898. Ambientada nos anos noventa, esta nova versão mostra o quão atual a obra de James permanece, mesmo depois dos inacreditáveis 122 anos de sua publicação.
O conto já foi adaptado para o cinemas e TV diversas vezes desde sua publicação, e além deste Os Órfãos, a história ainda servirá como a base da vindoura segunda temporada da série da Netflix, A Maldição da Residência Hill. Esta nova adaptação foi pensada por Steven Spielberg, que atua como produtor.
Já é de conhecimento público que há anos Spielberg vinha querendo trabalhar em um novo filme de terror, sendo que seu único crédito no gênero é o distante Poltergeist: O Fenômeno, co-escrito e produzido por ele em 1982 e dirigido pelo então ascendente Tobe Hooper. Roteirizado pela dupla Carey e Chad Hayes, Os Órfãos gira em torno de Kate Mackenzie Davis, uma babá contratada para tomar conta de um peculiar par de órfãos, Miles Finn Wolfhard, e Flora Brooklynn Prince, em uma gigantesca e decadente mansão. Além da própria natureza dos irmãos ser bastante estranha, Miles é cínico e tem tendência à violência, enquanto que Flora dá a impressão de saber mais do que parece.
À medida em que Kate começa a ser afetada pelo lugar e a duvidar de si mesma, surge no ar o questionamento: Estariam os órfãos performando jogos mentais com a babá, ou seria a mansão realmente assombrada? Ou ainda pior: Seriam as duas coisas?
A direção tenta acertar acerta investindo na lógica por trás do filme, que tem sua ambientação nos anos 90. Ao tomar esta decisão, a diretora Floria Sigismondi automaticamente elimina a tecnologia da equação, porém, não consegue mergulhar o público no sinistro ambiente da produção. Apesar da importância da ambientação do filme nos anos 90, a diretora não foca seu filme nos aspectos da época.
Os Órfãos mostrou que não foi possível fazer uma adaptação decente, e tão pouco acrescentou novos elementos à história original. A experiente diretora já mostrou sua habilidade em criar atmosfera, principalmente em seus trabalhos como diretora nas séries Demolidor, The Handmaid’s Tale e American Gods, só que infelizmente não se aplicou o mesmo procedimento por aqui. 2020 será um ano interessante para os fãs de Henry James e especialmente para os admiradores de sua clássica história.
Tenho a impressão de que seu conto terá sua melhor adaptação na série da Netflix. Os Órfãos de longe não é um bom exemplar do horror não só para os fãs de James, mas também para os entusiastas do gênero. O filme não alcança todo seu potencial, não entretém e muito menos possui uma qualidade apurada.