“O Olho e a Faca” | Crítica
O novo filme da HBO estreia hoje (07/03) no canal, às 22h. Acompanhamos na cabine de imprensa do longa e contamos agora o que achamos.
Em “O Olho e a Faca”, Rodrigo Lombardi interpreta Roberto, trabalhador de uma plataforma de petróleo que, por isso, fica muito tempo longe de sua família. O filme acompanha a rotina de trabalho de Roberto e suas idas e vindas pra casa enquanto mostra os vários problemas do personagem. Roberto não tem um relacionamento com seu pai, seu filho mais velho é indisciplinável, seu relacionamento com a esposa é frio e seu trabalho é arriscado e solitário, principalmente depois que sua promoção o força a mudar a dinâmica com seus subordinados.
Infelizmente, Roberto não é um bom protagonista. Não por causa de Rodrigo Lombardi – que na verdade é muito bom –, mas por causa, principalmente, do roteiro. O personagem não desperta empatia, pelo contrário, suas ações são tão egoístas e confusas que é possível sentir aversão a ele. E num filme em que o enredo consiste basicamente em seguir o dia a dia desse homem, acompanhar um personagem que não desperta interesse ou compaixão é, no mínimo, tedioso. Se o objetivo era construir uma narrativa baseada na banalidade de um homem antipático, ele foi alcançado.
As cenas na plataforma de petróleo são as melhores do filme. Conhecer um pouco de um cotidiano de trabalho tão diferente é instigante e os conflitos profissionais de Roberto acabam sendo os mais interessantes – até porque o personagem parece se importar mais com o seu trabalho do que com sua vida familiar e os acontecimentos na plataforma são os que o afetam mais. Além disso, as paisagens que são capturadas do mar aberto e do pôr do sol, por exemplo, são também os momentos mais visualmente estimulantes do longa.
Mesmo com essas qualidades, “O Olho e a Faca” peca no principal: não consegue construir um protagonista envolvente e, por consequência, não têm uma trama envolvente. Somos levados a assistir o sofrimento de um homem que causou as suas próprias mazelas: sendo um pai ausente, um marido egocêntrico e infiel, um péssimo amigo, um filho pior.
Todos esses contratempos são superficialmente explorados (estão simplesmente presentes na narrativa sem nenhum aprofundamento) e o resultado é um filme perdido, provavelmente com significados mais profundos, mas que não são claramente apresentados – destaque para vários momentos envolvendo olhos, como por exemplo, closes extremos ou um exame de vista. Um filme tão vago e enfadonho que não provoca a curiosidade nem de saber o que diabos significa o “olho e a faca”.