“O Mistério de Henri Pick” | Crítica
O mercado editorial não é fácil e número de escritores cresceu de forma considerável nas últimas décadas. Automaticamente, o preço do livro aumentou e o poder aquisitivo da população diminuiu. Significando mais do que nunca, que as editoras estão querendo descobrir um novo bestseller, desses que viralizam no mundo inteiro e venda sozinho o que toda a publicação do ano jamais irá conseguir.
Daphné Despero (Alice Izass), é uma editora em ascensão, que se sente desconfortável em encorajar a carreira do namorado, Frédéric Koskas (Bastien Bouillon), escritor cujo primeiro livro vendeu apenas 230 exemplares.
Tentando impulsionar sua carreira, Daphné tem uma brilhante ideia: vasculhar a Biblioteca dos Livros Rejeitados, um local a oeste da França que abriga livros não publicados de todo o país. Neste passeio, ela encontra um original intitulado ‘As últimas horas de uma história de amor’, que ela descobre ter sido escrito por Henri Pick, um pizzaiolo que havia falecido dois anos antes.
A discrição que fez com que a jovem editora encontrasse o manuscrito perdido foi o suficiente para tornar o romance um livro de sucesso imediato. Como sabemos tudo que faz sucesso causa inveja, por isso o crítico literário Jean-Michel Rouche (Fabrice Lucinne), um sujeito cético e de coração gelado, afirma que toda essa história é uma farsa e decide que vai desmascarar o novo a todos custe o que custar.
Começa aí uma corrida pessoal movida pela inveja, rancor e muitas atitudes sem noção na busca de descobrir quem é o verdadeiro escritor. Escrito de forma hilária por Vanessa Portal e Rémi Benzacon, a obra equilibra bem o início cômico com uma virada para o suspense no segundo ato, trazendo atitudes inacreditáveis dos personagens, que arrancam gargalhadas sinceras do público. E olha que o humor francês é algo meio difícil de entender.
Porém, neste filme, os sentimentos bons e ruins dos seres humanos são colocados à prova diante do sucesso repentino de um livro, mostrando que todos nós somos possíveis candidatos a nos tornar obcecados por coisas que não existem explicação.
A dupla Rouche e Joséphine Pick (Camille Cottin), a filha do falecido autor, conduzem a obra com segurança e é um show de interpretação, fazendo toda experiencia valer a pena.
“O Mistério de Henri Pick” é uma excelente comédia com suspense, um achado que felizmente o Festival Varilux trouxe para o Brasil.