“Luta de Classes” | Crítica

“Luta de Classes” | Crítica

Gauche caviar foi um termo criado feito para descrever pessoas que se dizem socialistas, mas não são honestos em suas crenças. São hipócritas, aproveitadores e agem de maneira completamente oposta a ideais comuns. E é exatamente este enredo que o diretor Michel Leclerc traz para os cinemas em seu novo trabalho, “Luta de Classes” que chega nesta quinta-feira, 24 de outubro, nos cinemas.

(Imagem: Divulgação / A2 Filmes)

No filme, o diretor coloca como ponto central Sofia (Leïla Bekhti) e Paul (Edouard Baer), um casal que vê seu mundo desmoronar quando percebem que seu filho é o único aluno branco em uma escola de imigrantes. Com dificuldades para se relacionar, Corentin (Tom Levy) é considerado pelos seus colegas um garoto rico, mesmo que sua família viva em condições semelhantes aos vizinhos da comunidade.

O diretor não procura somente expor esse tema como um fato isolado. Sua intenção é trazer esse pequeno recorte  como uma exemplificação de seu próprio país.  Paul é um ex-integrante de uma banda punk rock e Sofia é uma advogada de origem árabe que realiza discussões de como se portar em sociedade com o seu pensamento livre e sem amarras xenofóbicas ou conservadoras. Porém, eles precisam lidar com a cultura das pessoas do bairro e é justamente ai que os conflitos começam a aparecer.

(Imagem: Divulgação / A2 Filmes)

Infelizmente a obra não se leva a sério. Ela ri de si mesma e coloca as situações mais absurdas para levantar seus argumentos. Nada fica nas entrelinhas e falta uma certa sutileza por parte do diretor para construir suas críticas sociais.

Os estereótipos e os arquétipos se fazem presente todo o tempo, principalmente os personagens coadjuvantes. No início, o casal protagonista parece fazer jus ao que chamamos de correto, mas isso não se sustenta por muito tempo e todos os conceitos acabam ganhando uma unilateralidade, onde somente seus ideais estão corretos. É uma bondade disfarçada de egocentrismo.

(Imagem: Divulgação / A2 Filmes)

Eles não querem um mundo melhor, eles querem um mundo da forma em que eles acham correto, mesmo que para isso seja preciso usar cenários fascistas em suas condutas. A intenção é massagear seus próprios egos  e não  livrar as pessoas de ideologias conservadoras.

Por não se tratar de um filme sério, “Luta de Classes” acaba sendo visto com o algo tosco, numa sequência nada delicada de como aceitar diferenças e saber lidar com outras culturas. 

Luta de Classes” não é um filme superficial. Embora pareça em seu primeiro momento, o filme traz reflexões interessantes  de como as pessoas encaram suas diretrizes  sem se importar com o que os outros pensam ou com o que de fato importa para que a sociedade avance.