“Liga da Justiça” | Quem é o Flash do cinema e por que a DC não escolheu o ator da série de TV?
Quando o elenco do universo da DC nos cinemas foi revelado lá em 2014, fãs dos super-heróis da editora não entenderam a escalação do ator Ezra Miller como The Flash. Afinal, uma série de TV do velocista escarlate havia estreado naquele ano com Grant Gustin no papel e uma atuação que caiu no gosto do público.
Na época, o diretor Zack Snyder explicou o porquê de optar por um novo The Flash para “Batman vs Superman“, “Liga da Justiça” e o futuro “Flashpoint“, filme solo do super-herói programado para 2019.
“Simplesmente não acho que seja uma boa escolha. Sou muito rigoroso com este universo. Aquele tom [da série] não é o nosso mundo”, disse. “Mesmo que Grant Gustin seja meu cara favorito no mundo, e ele é muito bom, nos compremetemos com a ideia de multiverso, então não é possível”.
Os fãs chegaram a incitar uma suposta rivalidade entre os dois, mas Gustin foi mais de uma vez às redes sociais manifestar seu apoio a Ezra. “Vocês estão prestes a assistir a duas abordagens diferentes de Barry Allen [nome do Flash], interpretadas por dois atores diferentes que acredito estarem igualmente empolgados com a oportunidade”, escreveu no Twitter.
Mas se você não acompanhou essa história, já se acostumou com o rostinho de Gustin na TV e vai ao cinema conferir “Liga da Justiça”, que estreou nesta quarta-feira (15), tem todo o direito de questionar: quem é esse tal de Ezra na fila do pão?
De sensação indie a homem mais rápido do mundo
Um mashup de Brandon Boyd do Incubus e Tiago Iorc, Ezra Miller nasceu na cidade de Wyckoff, em Nova Jérsei (EUA), e tem 25 anos. Sua carreira ainda é curta, com basicamente quatro papéis de destaque (incluindo “Liga da Justiça”) e vários filmes independentes, mas certeira.
Entre 2011 e 2012, se tornou uma sensação indie ao estrelar os dramas “Precisamos falar sobre o Kevin” e “As vantagens de ser invisível”. Neles, se mostrou capaz de dar vida tanto a adolescentes problemáticos e obscuros, como jovens excêntricos, bem-humorados e de personalidade forte.
Os papéis foram essenciais para catapultar Ezra às grandes produções. Depois de ganhar em 2014 o papel de The Flash nos filmes do recém-inaugurado universo cinematográfico da DC, apareceu em 2016 como Creedence Barebone em “Animais fantásticos e onde habitam”, nova saga da escritora J. K. Rowling que acontece no mesmo universo do bruxo Harry Potter.
Em entrevista ao site ShortList, Ezra Miller é descrito fora das câmeras como um “cavalheiro cósmico que pode muito bem ser o homem mais interessante de Hollywood”. Ele participou do bate-papo sem camiseta e com uma corrente de ouro no pescoço com a inscrição “princesa”.
Na mesma entrevista, falou sobre ser o primeiro ator assumidamente bissexual a interpretar um super-herói nos cinemas – e como foi sair do armário aos 20 anos, atitude que seus colegas de cinema desaconselharam com medo de sua carreira de ator ser prejudicada.
“Eu não sinto pressão. A pressão só vem de uma represa, ou de um bloqueio. E quando saí do armário eu tirei o bloqueio, eu removi a represa. Eu desbloqueei minha identidade no mundo. E quando fiz isso muita gente me disse que cometi um erro”, ele conta.
“Pessoas de dentro e de fora da indústria. Pessoas que eu nunca conversei. Me disseram que existe um motivo para tantos gays, bissexuais ou pessoas que não têm gênero definido esconderem sua identidade sexual em Hollywood. Me disseram que cometi uma tolice e frustrei meu potencial para ser um líder”.
Cavalheiro cósmico
Nas redes sociais e em aparições públicas, Ezra Miller costuma fazer caras e bocas e destilar bom humor. Sua participação em “Liga da Justiça”, inclusive, funciona muito como o alívio cômico que ajudou a Marvel a ditar o tom dos filmes modernos de super-heróis.
Apesar disso, não está pra brincadeira. Ezra se diz fã de quadrinhos e do The Flash em especial. E da responsabilidade que é assumir o manto do velocista escarlate. “Eu sempre fui um cara dos quadrinhos, mas eu vou me aprofundar o máximo possível porque tenho uma desculpa séria. Eu tenho a licença definitiva para ser muito geek o tempo todo!”, ele disse em entrevista à MTV.
Fonte: Bruno Araujo, G1