“Legalidade” tem sessão especial em Gramado com homenagem a Leonardo Machado
A mistura de ficção com realidade, a emoção de revisitar um personagem icônico do gauchismo, a reconstituição de época e a importância de conhecer a história do Brasil foram tema que mobilizaram o debate em torno do longa “Legalidade” durante o Festival de Cinema de Gramado.
A atriz Cleo foi indagada sobre a construção de sua personagem. Falou de ter pesquisado, com o diretor Zeca Brito, sobre as sensações e os climas políticos da época. E lembrou-se de uma história familiar: “Minha avó materna tinha um retrato do Brizola em casa, ela achava ele o máximo. Eu tinha quatro anos e também achava ele bonito”, contou.
Pai do diretor, Sapiram Brito é ator no filme e ressaltou a importância de “Legalidade” em atualizar temas sobre a política brasileira: “O filme serve para iluminar este momento de obscurantismo que estamos vivendo. Não temos memória e, de alguma forma, o filme tem uma missão cumprida como um discurso cívico sobre o último grande líder brasileiro”.
Para o diretor Zeca Brito, a exibição em Gramado foi animadora: “Senti expectativa e certa perplexidade pelo que mostramos. Creio que o filme desperta uma dimensão de afeto pelo Brasil, uma ressignificação dos valores do Brasil”.
Emoção na homenagem a Leonardo Machado
A sessão especial do filme “Legalidade”, do diretor Zeca Brito foi marcada por forte emoção, que contagiou a todos na homenagem ao ator Leonardo Machado, protagonista do filme como Leonel Brizola. Leo, morto em setembro de 2018, foi também um dos apresentadores do Festival de Gramado por oito anos.
No telão, a imagem do ator com o Kikito na mão pelo filme “Em teu nome” cantando “Gracias a la vida” instaurou o clima de comoção. Seus pais, Loureni e Sandra, os padrinhos Joel e Rejane, e a mulher Ane receberam uma placa de homenagem e foram saudados pelo presidente da Gramadotur, Edson Néspolo.
“Não tem nada maior do que o exemplo da simplicidade que eles nos deixou. O Léo tinha um coração enorme e o Festival é muito grato pelo que ele fez por nós”, disse Néspolo.
O pai do ator agradeceu por tudo o que o Festival fez por seu filho, destacando: “Quero agradecer a quantidade de amigos que ele fez aqui e que nos ajudam a viver, assim como a frase que era seu bordão: ‘que a fonte nunca seque’”.
Foi com esta mesma citação que o diretor Zeca Brito encerrou sua manifestação precedida pelo tema de “Deus e o diabo na terra do sol”, de Glauber Rocha: “se entrega Corisco, eu não me entrego não”, recebendo dos organizadores do Festival Guarnicê de Cinema o prêmio de Melhor Ator para Leonardo Machado pelo seu último papel no cinema brasileiro.
“Que essa fonte nunca seque. E essa fonte é o cinema brasileiro”, bradou Zeca Brito.