Lázaro Ramos fala de livro que junta autobiografia e questão racial: ‘É uma provocação’
Lázaro Ramos já recebeu muitos elogios por causa de “Cidade de Deus” (um filme que ele não fez) e foi chamado de Zé Pequeno (um personagem que ele nunca interpretou). O relato está no recém-lançado “Na minha pele” (Editora Objetiva), livro em que o ator alterna registros de memórias e análises sobre racismo, formação de identidade e questões de gênero.
O autor discorda que o trecho seja forte. “Era só mais uma história que exemplifica uma situação. Quando você fala ‘forte’, me dá a sensação de parecer que é um grande sofrimento”, afirma em entrevista ao G1 por telefone.
Diz isso porque, na obra, quis “falar com humor, às vezes mais contundente e às vezes mais emotivo”. “Sou assim na vida, o meu jeito de conversar é esse. Algumas coisas não são tão sérias assim. E a gente tem que brincar mesmo.” Já em outros momentos, escreve coisas como: “Existe todo um discurso de que não há racismo no Brasil. (…) Mas quem é negro como eu sabe que a cor é motivo de discriminação diária, sim”.
Aos 38 anos, casado com a atriz Taís Araújo e pai de um casal de filhos (a quem “Na minha pele” é dedicado), o ator de “Madame Satã” e “Mr. Brau” quis escrever o livro “com uma estratégia muito clara: provocar uma conversa pra gente iniciar um novo projeto de mundo.”
O assunto tem a ver com a escalação de Lázaro Ramos na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa nesta quarta-feira (26) e vai até domingo (30). Ele estará da sessão de abertura lendo trechos de “Lima Barreto: Triste visionário” (Companhia das Letras), biografia do homenageado desta edição. A autora da obra, Lilia Mortiz Scharcz, também vai estar presente.