Judas e o Messias Negro | Crítica
Estreia hoje (25) nos cinemas o tão aguardado filme “Judas e o Messias Negro”. Já assistimos o longa e contamos agora o que achamos.
Chicago 1968, logo após a morte de Martin Luther King e Malcom X, iniciava na cidade um “novo” movimento negro, os Panteras Negras que tem como base a defesa e o auxílio político sobre os direitos da comunidade, liderado pelo revolucionário Fred Hampton (Daniel Kaluuya).
Mostrando o seu poder de discursar e persuadir com verdades, foi construindo seu “exército” contra a violência policial e racismo frequente, assim unindo latinos Porto Riquenhos, Saloios e outras minorias afetadas, criando assim uma coligação entre os oprimidos na região mais segregada da América.
Como tudo o que revoluciona sempre incomoda uma outra parte ou lado, vemos o como o FBI se sente ameaçado pelo desenvolvimento do grupo, assim infiltrando William O’Neal (LaKeith Stanfield), dentro do partido. Servindo como um espião, o jovem passa a informar e manipular situações de dentro do movimento, acarretando assim na morte precoce do seu líder.
Acredito que essa introdução/ sinopse não traga spoilers sobre o filme, afinal são acontecimentos históricos, já bem conhecidos e eternizados na cultura negra e americana, então se descrevi algo que você não conhecia, de antemão já garanto que não diminui em nada a experiência.
Talvez um dos longas mais incríveis que assisti nos últimos tempos. É brilhante a maneira como um capítulo tão importante na história tenha sido retratado de modo tão grandioso como o apresentado, e num momento tão oportuno para se discutir a respeito.
Uma ótima contextualização a quem desconhecia a história por trás e toda a política ideológica retratada da época, Shaka King exerce um trabalho maravilhoso provendo o tom angustiante e ao mesmo tempo revoltante a assombroso ao mostrar sem receios a brutalidade e ódio contrapondo a militância e senso de justiça.
E o que dizer sobre o elenco? Kaluuya, provavelmente em seu melhor papel da carreira, é a personificação perfeita do emblemático presidente do partido, suas cenas de oratória à comunidade são de arrepiar, inclusive confesso que internamente gritei “I Am, A Revolutionary” dada a sua capacidade de convencimento e imersão a uma das cenas em questão. LaKeith foi outra incrível surpresa, responsável por causar repulsa e raiva durante o filme inteiro, conduzindo um dos momentos de mais aflição, tecnicamente falando, a crescente ânsia em seu olhar horas antes do assassinato, onde visivelmente se martiriza por ter feito algo que nitidamente se arrepende é de deixar qualquer um sem palavras.
Bom não resta dúvidas, que Judas e o Messias Negro certamente é uma obra pesada, mas que carrega extrema importância e necessidade em ser assistida, é um exemplo claro sobre ativismo contra a opressão, e que em hipótese alguma a história apresentada pode ser esquecida.