Já vimos! “Gloria Bell”, com Julianne Moore, chega aos cinemas nesta semana
A versão americana da obra chilena Gloria (2013), se beneficia do olhar apurado e metódico do diretor Sebastian lelio que novamente tem um cuidado astronômico nos detalhes e no retrato da mulher e seu feminino por um todo, onde o talento do diretor o faz entregar uma produção delicada, sensível e que mergulha de cabeça na vida de Gloria, uma mulher, interpretada maravilhosamente bem por Juliane Moore em um papel bem difícil.
Com uma trilha sonora maravilhosa que rouba a cena a todo momento e ajuda a protagonista a contar sua história para o espectador, o diretor faz um retrato sobre relacionamentos humanos, envelhecimento, solidão e amor de uma forma tão leve e sútil que não há como não sair do cinema extremamente emocionado e apaixonado.
Vemos aqui a jornada de Gloria, como se fosse um álbum de fotografias, um feed de Instagram, onde a cada passo que essa magnifica mulher dá para tentar se conectar com outros seres humanos de forma livre e aberta para alegrias e decepções.
Em alguns dos momentos da trama, ao ser questionada se é feliz, Gloria responde: “Tem dias que sim, tem dias que não…” E completa “como todo mundo!” E essa é a grande verdade que o filme nos entrega nos entrega em sua mensagem: viva sua vida, e a aceite da melhor maneira possível. É importante notar o quão o roteiro frisa a dependência de algumas pessoas com o outro para viver, temos a impressão que Glória esta sempre pronta para o outro e não a si.
O diretor acerta em cheio a forma de como ele trabalha o caminho da protagonista para se auto-conhecer e entender isso.
A Gloria Bell de Julianne Moore é adorável e está presente em todos os frames do longa carregando o filme nas costas e se entregando de corpo e alma a sua encantadora personagem, sem pudores com relação à nudez, à fragilidade, à alegria e à tristeza com igual despojamento e honestidade.
O filme passa uma mensagem poderosa sobre amor próprio de uma forma que o espectador consegue juntar todas as peças desse quebra cabeça. O filme tem cenas reflexivas e longas que fazem de Gloria Bell um show, com a câmera focada quase sempre no rosto da atriz, temos um ângulo fechado que deixa a produção com um ar deliciosamente intimista, aliado com uma fotografia sempre em tons roxos e rosa temos mais um acerto contribuindo para que a obra tenha seu charme próprio.
Gloria Bell faz mais do que contar histórias de mulheres de meia idade em diversos momentos da vida, e sim, acaba sendo, uma aula de atuação e a comprovação do talento do diretor em dirigir filmes com protagonistas humanas e complexas como ninguém.
Gloria Bell que estreia no próximo dia 28 é perfeito enquanto “filme” é um respiro muito bem-vindo no meio de tantas obras com roteiro mirabolante e milhões de efeitos especiais.
Uma obra pungente que merece ser assistida.