“Dumbo” | Crítica
Voa Dumbo, vai! Voa Dumbo, vai!
Dumbo é a magia da Disney nos olhos do elefantinho mais fofo do cinema.
Dumbo é o único personagem principal da Disney que não fala. Além disso, é a animação mais curta do estúdio tendo 1h e uns quebrados de duração. O filme continua seguindo a risca de um elefante que não fala, mas estende mais a história. Aliás, nenhum animal no filme fala, bem diferente do que vimos na animação com as elefantas, ratos e corvos. Até o trem do circo fala na animação.
Mas o filme segue uma linha bem diferente em relação aos humanos. Enquanto na animação todos os humanos são vistos, ou melhor, exemplificados, como pessoas ruins, no longa é feita uma divisão, onde há sim pessoas ruins, mas também pessoas muito boas que defendem Dumbo com unhas e dentes. E essa significância é retratada principalmente na exploração dos animais. Enquanto em “Dumbo animação” o circo é poderoso pela presença dos bichinhos, no filme não é bem assim, pelo menos não do circo das pessoas boas que apostam mais em mágicos, palhaços, trapezistas e etc. Essa é uma crítica claramente introduzida ao longo do filme e vai até seu desfecho, que é a de que os animais devem ser livres e que explorá-los é uma catástrofe da natureza, representado no circo do homem mau no filme.
Tim Burton disse que aceitou dirigir a adaptação pelo simples fato de Dumbo ser desajustado por suas orelhas grandes, contudo consegue usá-las como algo bom, para destacá-lo em meio ao público. E essa foi uma das principais frentes que Burton quis mostrar. A todo o momento há uma desconstrução do bullying pelo deslumbramento. Do destaque que ser diferente é só um detalhe e pode ser bom.
Essa questão de explorar o lado humano também exigiu uma troca em um personagem crucial que na animação era representado pelo ratinho Timóteo, amigo fiel de Dumbo, e que é o grande estímulo para que ele comece a voar. No filme um casal de irmãos é que assume esse papel de destaque. Finley Hobbrins e Nico Parker fazem o papel de Timóteo, sendo os grandes estimuladores para que Dumbo voe e são fundamentais no acolhimento do elefante assim que a relação com a mãe é rompida. São eles os substitutos do ratinho do filme, trazendo maior humanidade e amor na relação animal e ser humano.
Em certo momento eles até apresentam uma gaiola com ratinhos para que, segundo eles, “Dumbo se acostume com a rotina do circo”, mas a aparição dos ratos termina aí.
A relação de Dumbo com a mamãe elefanta é novamente cativante e se você chorou na cena em que ela está presa e estica a tromba para fora da “prisão” para sentir seu filhote, o filme recria esse momento exatamente igual à animação ao som de Baby Mine. Um convite às lágrimas, assim como a cena em que eles são separados, após a mãe de Dumbo surtar vendo seu bebê sendo envergonhado na frente de todos, e quebrar o circo inteiro.
A pena mágica, ah a pena mágica que foi importante no desenho, ganha ainda mais importância no filme. Esse símbolo que faz Dumbo voar aparece pouco no desenho, mas muito no filme. É quase parte de Dumbo quando ele se prepara para seus voos mágicos. Se tiver pena ele voa, se não tiver pena nada disso. Essa relação da pena com ele, para fazê-lo voar, rende boa risadas e foi extremamente delicada e bem humorada da parte de Tim Burton retratá-la dessa forma no filme.