Já vimos! “Dois Papas”, filme da Netflix dirigido por Fernando Meirelles, é inesperadamente divertido
A responsabilidade de usar uma batina vem sempre acompanhado por diversos simbolismos. São dogmas, posturas e burocracias que retratam e comprovam o enorme distanciamento entre a cúpula do catolicismo e os seus fervorosos fiéis.
O Vaticano fincou sua histórica trajetória como uma instituição imponente e por inúmeras vezes intocável, onde seus líderes muitas vezes permaneciam como figuras santificadas e até mesmo muitas vezes inalcançáveis.
O diretor brasileiro Fernando Meireles decidiu quebrar o silêncio e amarras retraídos pelos cantos líricos que ecoam os enormes muros do Vaticano em sua suntuosa e ostensiva obra “Dois Papas“, um trabalho que fez da comédia um prato cheio, ideal e identificável do que poderia se esperar.
O mundo presenciou o Papa Bento VXI renunciar de seu legado, entregando a responsabilidade nas mãos de uma figura pouco conhecida, porém em outros ângulos cheia de popularidade. Papa francisco, de origem latina, assumiu a responsabilidade em fevereiro de 2013, dando início uma jornada bem avessa ao que já havíamos visto no Vaticano.
No filme “Dois Papas“, que chega dia 20 de dezembro na Netflix, pequenos segredos foram revelados ao público, mostrando de maneira calma e levemente cômica, toda uma atmosfera ritualística resguardada. Como um convite, seremos convocados a entrar no Vaticano e especular aquelas conversas de bastidores que sempre despertou a curiosidade de muitos.
O longa dirigido por Fernando Meirelles e roteirizado por Anthony McCarten (“A Teoria de Tudo“, “Bohemian Rhapsody“), nos mostra a peculiar dinâmica relacional de duas figuras religiosas sempre tão cercadas por estigmas.
Dando um novo significado para ambos os papas, a produção os despe diante do mundo, por meio de diálogos bem diretos, que são cercados por um leve humor digno e sutil, por razões óbvias.
O filme faz o serviço que o próprio Vaticano faz questão de não desempenhar, ao continuar apresentando suas figuras religiosas como seres imaculados acima de qualquer suspeita, dignas de reverência e totalmente fora da realidade.
Retirando o Papa Francisco e o Papa Bento VXI desse pesado cenário mitológico, o diretor conquistou a audiência com facilidade, despertando um interesse particularmente incalculado pela narrativa, e ainda foi capaz de permanecer na neutralidade, sem preferências religiosas.
A narrativa da obra é completa e excepcional!
A caracterização dos veterano Jonathan Pryce (Papa Bento XVI) e Anthony Hopkins (Papa Francisco) são respectivamente sublimes e pontuais. Do porte físico ao timbre da voz, os atores são uma combinação perfeita e divertem o público com a perfeição de suas linguagens corporais. com um roteiro bem escrito e uma direção que explora com excelência as extremidades, ambos os astros se entregam em seus papéis, demonstram o quão à vontade estão ali caracterizados.
Nos presenteando com uma experiência incrível, Fernando Meirelles domina a direção desta cinebiografia com maestria, explorando a beleza do Vaticano em suas tomadas e temperando com pitadas dramáticas, o que só acrescentam e dão equilíbrio a trama.
A obra é de uma perfeição impressionante, “Dois Papas” é a combinação perfeita de uma história bem escrita juntamente a uma direção perfeita.
Inesperadamente divertido, o novo filme da netflix é aquele que vai unir a todos no sofá, independente de percepções religiosas.