“Irmandade”, com Seu Jorge no elenco, já está na Netflix! Confira a nossa crítica
Nesta sexta-feira, dia 25 de outubro, chegou na Netflix a série “Irmandade” que conta com um elenco de peso encabeçado pelo Seu Jorge e Naruna Costa, ambos vivendo irmãos cujo destino os une de forma trágica após anos de separação.
*Atenção: Há alguns spoilers do primeiro episódio!
A série acompanha Cristina (Naruna Costa) uma advogada honesta e dedicada que descobre que seu irmão Edson (Seu Jorge) – que não via há anos – está preso e lidera uma facção criminosa em ascensão – conhecida como Irmandade. Com a influência que possui no Ministério Público, ela consegue fraudar o sistema para tirar o irmão de torturas que vinha recebendo na cadeia; a partir daí sua vida se transforma.
Cristina acaba sendo forçada pela polícia a virar uma informante e a trabalhar contra o irmão. Ao se infiltrar na Irmandade, ela começa a questionar suas próprias noções de Justiça e desperta um lado sombrio que desconhecia.
“Irmandade” é ambientada na cidade de São Paulo dos anos 90, década essa que viu o surgimento de uma das maiores e mais sangrentas organizações criminosas do país, o PCC (Primeiro Comando da Capital).
A década também acompanhou o sucesso de Racionais MC’s e sua crítica forte e contundente. O grupo de rap faz parte da trilha sonora da série com “Capitulo 4 Versículo 3”.
“Eu tenho uma missão e não vou parar / Meu estilo é pesado e faz tremer o chão / Minha palavra vale um tiro e eu tenho muita munição / Na queda ou na ascensão minha atitude vai além / E tenho disposição pro mal e pro bem”
Toda a letra de “Capitulo 4 Versículo 3” faz muita alusão a tudo o que se passa na série.
Cristina é uma jovem que aparentemente possui uma carreira em ascensão dentro do Ministério Público aonde trabalha, porém joga tudo para o alto quando percebe uma oportunidade de infringir a lei para beneficiar um membro de sua família e frauda um documento público.
Ao ser presa é chamada de “santinha de pau oco” por outra detenta. E isso vai se confirmando cada vez mais quando ela começa a se infiltrar na Irmandade e defender seus princípios… ou será apenas uma ‘jogada‘ dela para conseguir uma maior confiança do irmão?
O fato é que todos nós temos um lado bom e um lado ruim, a grande questão, porém, é o quanto conseguimos equilibrar esses dois lados e o quanto queremos que um desses lados prevaleça.
O primeiro episódio, “Certo é o Certo”, possui uma narrativa muito bem construída ao nos mostrar que aquela mesma pessoa que brincava com a irmã descendo a rua de carrinho de rolimã se tornara, anos mais tarde, um criminoso ambicioso e sangrento. Assim como também acompanhamos toda a fragilidade de Cristina diante do passado mal resolvido.
“Irmandade” poderia ser mais um produto do audiovisual brasileiro que explora a criminalidade e as diferenças sociais, mostrando favelas e presídios, mas ele se diferencia por não ser tão óbvio assim identificarmos quem dali é de fato o bandido e o mocinho na história e para quem devemos torcer no final das contas.
Ainda sim, “Irmandade” passeia por uma linha tênue em cair nos clichês e esteriótipos já tão explorados em centenas de outros filmes e séries por aí. É torcer para que isso não ocorra e a série tenha fôlego para se distanciar e se diferenciar de tudo o que já foi feito.
A minha humilde aposta é que não vá conseguir. Terá todas as atenções possíveis e merecidas em seu lançamento, porém, o tempo passará e será apenas mais um, assim como o que ocorreu com “1 Contra Todos“, infelizmente. Torço para que eu esteja errado!