“Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro” | Crítica
A série de livros infantis de horror “Scary Stories to Tell in the Dark“, foram criados na década de oitenta e início dos anos noventa pelo consagrado e falecido autor americano Alvin Schwartz. Absoluto sucesso editorial, as histórias dos livros de Schwartz dominaram a época com seus três volumes que foram publicados em 1981, 1984 e 1991.
Hoje, tais incríveis contos ganharam uma nova adaptação cinematográfica em “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro“, cujo foco central de sua narrativa é em um grupo de adolescentes que vivem na década de 60.
A produção ganha um enorme peso, já que o filme é co-escrito e produzido por ninguém menos que o grande Guillermo Del Toro.
O longa é ambientado em uma cidadezinha americana chamada Mill Valley no ano 1968, narrando a vida de um grupo de adolescentes, Stella (Zoe Margaret Colletti), Ramón (Michael Garza) e Auggie (Gabriel Rush), que acabam entrando em contato com as histórias de Schwartz através de uma lenda antiga da cidade, que envolve a estranha família Bellows, cuja má fama exerce muita influência na cidade de Mill Valley.
Foi na solitária mansão dos Bellows que Sarah (Kathleen Pollard), uma jovem misteriosa e com terríveis segredos, transformou sua vida amargurada em uma série de histórias terríveis, escritas em um livro que transcendeu o tempo. Quando a turma de amigos invadem o antigo e medonho lar de Sarah, as coisas começam a ficar cada vez mais sinistras, uma vez que os contos de Sarah passam a se tornar reais.
O mais incrível é que várias das histórias escritas no livro de Sarah, são retiradas diretamente dos livros de Schwartz. Os três livros originais, “Scary Stories to Tell in the Dark” (1981), “More Scary Stories to Tell in the Dark” (1984), e “Scary Stories 3: More Tales to Chill Your Bones” (1991), possuem ilustrações assustadoras e contos de folclore que foram reconstruídos pelo autor.
Os livros da série eram frequentemente banidos das escolas e bibliotecas nos anos noventa e a Associação Literária Americana dizia que tais obras se tratavam de livros infantis mais desafiadores que livros comuns.
Sem sombra de dúvida o que é mais impactante que as histórias em si, são as amedrontadoras ilustrações que acompanham cada capítulo dos livros. O ilustrador Stephen Gammell criou um universo distinto incômodo com seus desenhos, que ajudaram a gravar os horripilantes personagens na memória das crianças.
Na adaptação cinematográfica, estes personagens tiram o fôlego de qualquer um, graças aos efeitos-visuais e de suas maquiagens de primeira linha. A criatura chamada Jangly Man é a mais impressionante.
O personagem é interpretado fisicamente pelo contorcionista Troy James, que já personificou outras aberrações como o Pretzel Jack da série “Channel Zero” e o Baba Yaga do novo “Hellboy“. Del Toro e companhia revelaram que o design da criatura é a junção de diversas ilustrações de Gammell presentes nos livros.
“Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” reúne quatro contos dos livros: The Big Toe, The Red Spot, The Dream, e Harold.
The Big Toe é a primeira história do livro original em 1981, e conta a história de um garoto que encontra um dedo saindo para fora do chão próximo a sua casa. O menino arranca o dedo do chão e o guarda. Quando anoitece, o garoto percebe que tirar o dedo do lugar foi uma ideia péssima.
As outras três histórias formam uma sequência tirada do terceiro livro de Schwartz. A primeira delas é chamada de The Red Spot. Tudo começa com uma garota dormindo calmamente em sua cama, quando uma aranha caminha até seu rosto e pica sua bochecha. No dia seguinte, ela observa através do espelho um ponto vermelho, e daí em diante as coisas vão ficar bem sinistras para o lado dela.
Na sequência, chega a história chamada de The Dream, também conhecida como The Pale Lady, uma amedrontadora figura central do conto, que consiste em uma mulher de pálida, olhos negros e longos cabelos pretos. Quando uma artista sonha numa noite em estar em estranho banheiro, ela vê Pale Lady, que lhe dá um sério aviso. Aviso que pode vir a salvar sua vida tempos depois.
E por último, temos a história chamada Harold, que narra a história de um espantalho feito por dois fazendeiros. Não demora para a criatura ganhar vida e começar a acabar com a vida de seus criadores.
Dirigido pelo norueguês André Ovredal, “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro” trás com um roteiro escrito por Del Toro e dividindo os créditos com a dupla Dan Hageman e Kevin Hageman.
O que deve se levar em conta quando recomendasse este filme para os fãs do horror, é que trata-se de uma produção com censura baixa, ou seja, não espere por mortes violentas. Por mais espetacular que sejam as sequências de sustos, o longa não é um filme de horror voltado para os entusiastas do horror.
O filme é muito divertido, e alguns sustos estão mais do que garantidos. “Histórias Assustadoras para Contar no Escuro“é o filme perfeito para juntar os amigos e ir ao cinema, com muita pipoca e refrigerante.