“Fora de Série” | Crítica
Quando um simples filme de comédia adolescente tem por traz uma diretora ‘novata‘ e pronta para ousar, sem mexer com o politicamente correto para soar engraçado, trazendo todo o besteirol necessário para o target, mas com qualidade e de quebra levantar a bandeira do feminismo de forma implícita dentro de seu enredo, explorar toda a complexa mente do adolescente, com personagens únicos.
Com todas essas qualidades, chega aos cinemas brasileiros o filme “Fora de Série“, filme dirigido por Olivia Wilde (Sim, a atriz), e um grande elenco jovem, conhecido por marcar presença em algumas das comédias mais populares dos últimos anos.
Uma estreia com pé direito, sendo aclamado pela crítica, considerado o “Superbad” em sua versão feminina (o que faz bastante sentido), 97% de aprovação no Rotten Tomatoes, e sendo divulgado por grandes estrelas do cinema que nem envolvidas no filme estão, como Taylor Swift e Ryan Reynolds.
O longa é bem simples, conta a história de Molly (Beanie Feldstein) e Amy (Kaitlyn Dever), melhores amigas que estão em seu último ano do “ensino médio”, com fama de nerds e bem dedicadas a seus estudos, percebem que nunca realmente aproveitaram a experiencia do colégio. Elas sempre estiveram ocupadas estudando, pensando que assim estariam a frente de quem curti as farras proporcionadas na então melhor época da adolescência. É quando numa situação bem incomum, descobrem que seus ‘colegas’ que gostam de uma boa festa, sabem dividir as coisas, seus perfis baladeiros, não implicam no que eles aprendem em âmbito escolar.
A partir desse momento a dupla de amigas vai tentar colocar em dia anos ‘perdidos’ em apenas uma noite, tudo o que deixaram de viver nos últimos anos, assim tendo novas experiências e descobrindo segredos entre si que causam ainda mais problemas.
A premissa em si é bem clichê, porém as abordagens são completamente singulares. A construção segue um ritmo próprio que nos apresenta, não apenas a jornada das protagonistas, mas nos faz se apegar aos antagonistas, desestrutura o fato da nerd ter autoconfiança, da amiga lésbica não ser masculinizada, da ‘it girl‘ da escola não ser burra, do cara com traços orientais ser na verdade o bobão, do negro ser gay, e termos uma professora descolada e negra.
Todo o ambiente é apresentado de forma inteligentemente interligada. São situações divertidas om personagens extremamente carismáticos que funcionam muito bem dentro do roteiro, sem cair na questão ‘isso só acontece nos filmes’…
Uma lição de amizade e companheirismo real de uma fase da vida onde a característica principal são os conflitos, sejam eles internos ou externos, onde tudo é somatizado a insegurança de ter que decidir o que o fará da vida nos próximos anos.
E o filme conversa muito bem com cada detalhe citado de maneira marcante e própria, valendo muito a pena o ingresso, seja para dar muita risada ou para refletir e se identificar com o que é mostrado.