“Fogo contra Fogo” | Crítica
“Fogo contra Fogo” é um longa-metragem da África do Sul segue o padrão estabelecido de filmes desse gênero dramático. Constituído por duas linhas de tempo, a primeira mostra o julgamento do protagonista em 1977 por homicídio e a outra tem início antes dele decidir se tornar um militante na luta contra o apartheid.
O diretor Mandla Dude desempenha um papel bem seguro em sua direção. Seu roteiro, ao lado de Leon Otto, evita a exploração do sofrimento e o drama. Algumas inserções de imagens de conflitos no meio de alguns diálogos deixam o espectador transitando entre varias intenções de cena, ou seja, uma escolha estética bem costurada.
“Fogo Contra Fogo” sente o peso de ser uma obra bem expositiva. Talvez isso se torne o principal motivo para que a receptividade da produção no Brasil seja positiva junto ao público. A carga emocional do filme, faz despertar interesse, fazendo valer a pena o olhar para esta obra de cunho informativo e social.
O enredo é bem exposto pela obra cinematográfica, que ganha muita força em seu trecho final com muitas teses e propriedade. “Fogo Contra Fogo” nos apresenta tais atrocidades da época, de uma forma digna de ser consumido. Este longa merece tanta atenção, pela importância da discussão do seu tema: o racismo.
O filme coloca o dedo em feridas que devem ser discutidas, ainda mais no mundo atual em que vivemos onde se tornou comum a negação de fatos históricos.
O diretor consegue encaixar muito bem sua narrativa , isso pode causar um certo estranhamento em um primeiro momento, mas aos poucos as coisas se encaixam em seu devido lugar. Tudo isso porque seu roteiro é sufocante e desesperador, pois a todo momento o espectador é colocado em situações desgastantes.
Embora o filme pareça ser uma produção relativamente pequena, isso se torna irrelevante deviso seu resultado final, já que seu roteiro é impecável. O filme é bem caracterizado, com figurinos, cabelos, maquiagens e cenários que são da época e que colocam o espectador dentro da década de 1970.
“Fogo Contra Fogo” também tem boas atuações, especialmente a de Thabo Rametsi, que interpreta Solomon. Esse é um aspecto importante, uma vez que o filme é uma cinebiografia e é necessário que o universo que ele apresenta seja perfeito.
O filme se destaca pelos assuntos que traz à tona, como a desigualdade, a injustiça, o Apartheid e a maneira que as pessoas lutaram contra ele. Um filme como esse é importante não só pelo olhar do entretenimento, mas também pelo fato de ser uma aula de história.
O longa não poderia estrear em melhor data no Brasil, 21 de novembro, um dia após o feriado da consciência negra.