Espetáculo fala sobre tragédia de Mariana com temporada popular no Teatro de Contêiner em SP
Após 2 anos de rompimento da barragem em Mariana, A Ordinária Companhia trata do tema com nova temporada de Os Atingidos ou Toda Coisa que Vive é um Relâmpago no Teatro de Contêiner.
As apresentações acontecem sempre terças e quartas, às 20h, até 6 de dezembro. A montagem tem uma linguagem que permeia a relação entre teatro e cinema com direção e dramaturgia de José Fernando Peixoto de Azevedo.
Em cena, um jogo ficcional simula o suspense de um filme com o cotidiano de pessoas em luta por reparação e condenação dos criminosos. Esse é o mote do espetáculo gerado a partir da pesquisa sobre as consequências na vida de pessoas daquilo que é o Crime de Mariana. É menos que uma tragédia, resultado da ação criminosa ligada à exploração de minérios e o rompimento da barragem em que a lama encobriu distritos e rios de Minas ao Espírito Santo, chegando ao mar.
A peça procurou usar como propulsores para a construção os desdobramentos e os antecedentes da tragédia. Desde o histórico da rota do ouro e de minérios, além de deslizamentos menores que causaram morte ainda nos anos 80 nessa longínqua exploração da região.
Durante a pesquisa, o grupo foi a cidade de Mariana e nos pequenos distritos em busca de contato direto com os que sofreram e ainda sofrem com o rompimento da barragem. O encontro trouxe a oportunidade de ver de perto todas as camadas que envolvem a tragédia desde os aspectos sociais, econômicos e ambientais, além das rupturas e discriminações que se tornaram a vida dos atingidos. As pessoas foram pulverizadas e classificadas de acordo com a lama que sujou suas vidas na tragédia.
Todos esses elementos foram utilizados de maneira ficcional para criar uma montagem que constrói no palco uma espécie de filme ao vivo calcado pelo suspense. Uma linguagem que permeia o teatro e o cinema, característica que já foi trabalhada no espetáculo Zucco do grupo.
Em cena, a situação é a de um “estúdio”, ao menos em dois sentidos simultâneos, justapostos: estúdio de gravação (atores e técnicos que, diante do público, gravam e editam materiais que são projetados, e este trabalho é também cena), mas também espaço de estudo da cena (atores atuam suas figuras em situação, diante do público).
O resultado é um teatro-filme com um deslizamento entre os pontos de vista e perspectivas. Durante a pesquisa, filmes de Alfred Hitchcock, David Lynch e o recente Corra!, de Jordan Peele, serviram para absorver os artifícios de suspense inseridos na encenação.
A Ordinária Companhia surgiu em 2013, resultando do percurso de uma turma de alunos da Escola de Arte Dramática, a EAD, da ECA-USP, que naquele ano estreia seu trabalho de conclusão de curso, ZUCCO, uma adaptação do texto de Bernard Marie-Koltès, dirigida pelo também professor da Escola, José Fernando de Azevedo. O espetáculo fez temporadas em São Paulo – na EAD (2013), no TUSP e no CIT-ECUM (2014) – e o grupo foi indicado ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro (2014), na categoria revelação.
Serviço
Teatro Container da Cia. Mungunzá – Rua dos Gusmões, 43 – Santa Efigênia – São Paulo. Telefone: (11) 99587-4150. Temporada: De 7 de novembro a 6 de dezembro. Terças e Quartas, às 20h. Preço: R$ 20 (Inteira) e R$ 10 (Meia). Capacidade: 99 lugares. Classificação: 14 anos. Duração: 90 minutos. Ingressos pelo site Sympla: https://www.sympla.com.br/os-atingidos-ou-toda-coisa-que-vive-e-um-relampago__208410 ou bilheteria aberta 2 horas antes do evento.
Ficha Técnica
Projeto: “Os Atingidos ou Toda Coisa que Vive é um Relâmpago”. Grupo: Ordinária Companhia. Direção artística e dramaturgia: José Fernando Peixoto de Azevedo. Elenco: Áurea Maranhão, Conrado Caputo, Juliana Belmonte, Paulo Balistrieri e Rafael Lozano. Vídeo em cena: Caio Oviedo. Desenho de som e trilha: André Teles. Produção: Ordinária Companhia. Assessoria de Imprensa: Renato Fernandes.