Documentário musical celebra vida e obra de Arnaldo Antunes

Documentário musical celebra vida e obra de Arnaldo Antunes
Um dos artistas mais originais da música brasileira, Arnaldo Antunes acaba de completar 60 anos e o Globoplay celebra o seu aniversário com o documentário musical original ‘Arnaldo, Sessenta’, já disponível na plataforma. Uma obra que passeia pela música, poesia e artes visuais, múltiplos talentos de Arnaldo Antunes. Tendo como fio condutor uma longa entrevista do cantor ao jornalista Pedro Bial, o documentário conta com 11 apresentações musicais, dois novos poemas, “Saga” e “Um Deus”, e imagens de arquivo, muitas delas inéditas.
“Inspirado no universo do Arnaldo, eu diria que o documentário é uma deliciosa prosa cubista. Com uma despretensiosa conversa com o artista e seus pensamentos angulosos, que levam a gente a mergulhar na memória dele. Sem a “prisão” e a obrigação de ser uma biografia definitiva – até porque Arnaldo ainda tem muito a escrever na sua história – Arnaldo, Sessenta é um passeio por momentos marcantes da memória do artista. Recheado de um rico material de arquivo e músicas de todas as fases do músico, o documentário mostra a riqueza e diversidade da obra de Arnaldo. Do rock instigante de “Comida” à delicada “Contato Imediato”, vemos um músico plural e vital. Entro no projeto fã do artista, saio muito fã da pessoa Arnaldo Antunes”, define o diretor Gian Belloti.
O resultado agradou em cheio o homenageado. “Esse documentário tão bem gravado, produzido e dirigido foi o melhor presente de aniversário que eu poderia receber na minha entrada nos sessenta. Me deixou emocionado. Fiquei surpreso com a pesquisa dos materiais antigos, vários deles desconhecidos ou esquecidos por mim. E a maneira natural como eles adentram a conversa me deram a sensação de ter revisto meu passado com integridade. Parece que as coisas que fiz fazem mais sentido agora, nutrindo o que faço atualmente.
Fico contente e grato com toda a equipe pelo cuidado, dedicação e sensibilidade com que se debruçaram sobre meu trabalho; nos números musicais muito bem ambientados, gravados e mixados; na entrevista que já havia sido estimulante e que agora, editada, parece sintetizar tão bem essa trajetória; no dinamismo da edição, que consegue manter o interesse aceso o tempo todo e na seleção apurada das cenas de arquivo”, conta o cantor. O diretor Gian Belloti valoriza a importância da seleção das imagens de arquivo no resultado final. “O documentário conta com uma excelente pesquisa de material de arquivo. Viajando pelas memórias do Arnaldo, passamos por vários momentos da carreira e da vida dele. É incrível, mesmo para quem não viveu todas essas fases, ver um artista que se mantém tão íntegro na sua ideia de arte. Claro que hoje enxergamos um Arnaldo mais maduro, mas aquele mesmo garoto do início dos Titãs ainda está ali. No discurso e na força da interpretação das músicas”, ressalta Gian.
No depoimento a Pedro Bial, Arnaldo lembra momentos marcantes da sua trajetória, reflete sobre as múltiplas facetas de sua personalidade artística e fala sobre a chegada aos 60 anos em 2020, em meio à quarentena provocada pelo coronavírus. “Ideologicamente, eu fico reativo a essa comemoração. Todo dia é um novo aniversário, a gente está renascendo a todo instante. Mas, por estarmos na pandemia, eu fiquei mais tocado com isso. É a entrada na terceira idade, uma data redonda, vêm muitos flashbacks da vida”, comenta Arnaldo. E faz questão de frisar que a chegada à maturidade não se traduz em conformismo. “Tem que manter a inquietude. Não me agrada acreditar que a idade vai deixar você mais apaziguado. Eu continuo achando a estranheza fundamental”, complementa.
As canções escolhidas por Arnaldo nesse projeto contemplam diferentes fases de sua longa e rica obra. Dos Titãs (“Comida” e “O que”) ao disco mais recente (“O Real Resiste”, “João” e “De Outra Galáxia”), passando por sucessos da fase solo (“Alegria”, “Socorro”, “Alta Noite” e “Contato Imediato”) e dos Tribalistas (“Passe em Casa” e “Vilarejo”). Os números foram gravados em duas formações: voz e piano, ao lado do pernambucano Vitor Araújo e trio com Betão Aguiar (violão e guitarra) e Curumim (bateria e programações).
“Uma das coisas mais difíceis da pré-produção foi a escolha do repertório. Arnaldo ajudou pessoalmente a selecionar essas músicas e é impressionante ver a diversidade do repertório dele. Músicas de mais de trinta anos, que ainda fazem muito sentido na letra e musicalmente falando. As versões de músicas já famosas e massivamente tocadas,  como ‘Vilarejo’, tomam um fôlego impressionante nas delicadas versões ao piano e voz. A vitalidade dele aos 60 anos à frente do microfone é incrível”, conta Gian Belloti. As apresentações musicais aconteceram no teatro do Sesc Pompeia, em São Paulo, mesmo lugar onde os Titãs fizeram o seu primeiro show, em 1982. E foi nas “oficinas de criatividade” do Sesc que Arnaldo criou o cartaz para o lançamento de seu primeiro livro.
‘Arnaldo, Sessenta’, filme original Globoplay, é a nova produção do núcleo de documentários da equipe do programa ‘Conversa com Bial’, da Globo. O núcleo foi responsável pela realização da série ‘Em Nome de Deus’, sobre o místico João de Deus, lançada em junho deste ano, também no Globoplay. “Esse projeto é o primeiro de uma série de documentários musicais que serão produzidos e dirigidos pela equipe do ‘Conversa com Bial’. Desde que o programa começou , tínhamos essa vontade. Em 2020 começamos com ‘Em Nome de Deus’ e agora, ‘Arnaldo, Sessenta’,  revela Monica Almeida, diretora artística do ‘Conversa com Bial’.