Dica de livro: “Primeiro mataram meu pai”, de Loung Ung, obra que inspirou o filme de Angelina Jolie
Este livro inspirou o filme de Angelina Jolie para a Netflix, e que concorreu pelo seu país, ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
A obra conta a história da própria autora e narra a trajetória de Ung e sua família, para escapar e sobreviver ao regime ditatorial de Pol Pot, no Camboja. Tudo parece tranquilo para a menina, filha de um oficial de alto escalão do governo cambojano, mas a vida da família de classe média muda drasticamente em abril de 1975, quando se instaura no país um regime comunista extremista dos Khmers Vermelhos.
Os soldados do regime tomam conta das cidades e expulsam a população, as obrigando a seguir rumo ao campo, para trabalharem de forma desumana em favor do governo. Aqueles que são identificados como antigos integrantes do governo anterior ou mesmo aqueles que por algum motivo representem ameaça ao regime, são executados imediatamente, isso inclui policiais, políticos e até mesmo médicos.
Desde a invasão dos soldados do Khmer Vermelho, o pai de Loung e sua família, passam a correr sérios riscos, sendo obrigados a criarem um disfarce para não serem descobertos e executados.
O livro narra detalhadamente todos os acontecimentos na visão de uma menina, que na época tinha apenas 5 anos, e traz uma história de crueldade e sofrimento de um período que levou à morte mais de 2 milhões de pessoas no Camboja, correspondente a um quarto da população do país. Muitos morrem pela fome e desnutrição, enquanto outros são executados cruelmente pelo regime.
Durante esse período milhares de crianças foram obrigadas e preparadas a servir como soldados do exército, inclusive Loung Ung. Uma história que mostra os horrores de uma ditadura, trazendo um testemunho de força, amor e esperança, mesmo em meio o caos.
Diferentemente do filme, o livro vai um pouco mais longe, e também retrata a libertação de Ung e seus irmãos, e a retomada de sua vida, primeiro na Tailândia e depois nos Estados Unidos, onde é atualmente uma ativista e palestrante de direitos humanos, além de porta-voz nacional da Campanha por um mundo livre de minas terrestres.
“Esta é uma história de sobrevivência: a minha e a de minha família. Embora estes acontecimentos façam parte da minha experiência de vida, minha história está refletida na vida de milhões de cambojanos”, declarou a autora em seu livro.
Uma história forte e pesada, que na visão de uma criança, com sua ingenuidade e inexperiência, conseguem deixar ainda mais evidente as atrocidades desse período.