Dica de Livro: O Sol é para todos – Harper Lee (Resenha)
“O Sol é para todos”, um livro escrito por Harper Lee, e que rendeu uma série de prêmios à autora, entre eles o Pulitzer de Ficção em 1961. Uma obra que se mantém atual e é uma das mais populares dos últimos 50 anos, com mais de 30 milhões de cópias vendidas.
Curiosamente, após a publicação do livro, Lee se tornou reclusa, por opção, diante de tanto sucesso em seu romance de estreia. A escritora sempre foi muito próxima de Truman Capote, autor de clássicos como “Bonequinha de Luxo” e “A Sangue Frio”, e que serviu de inspiração para alguns de seus personagens, como o personagem Dill e sua mente extremamente fértil, neste livro.
O enredo que traz uma dura crítica à sociedade americana nos anos 1930, período em que se passa a história, também é válida para os dias de hoje, pois trata injustiças em um julgamento de um negro, acusado de estuprar uma jovem branca, e que vê sua condenação ser levada pelo clamor público e o preconceito enraizado na sociedade.
Quem narra a história é a garota Scout, uma menina de apenas 10 anos, mas muito inteligente e questionadora. Ela é filha de Atticus Finch, o advogado que defende o réu e sofre com o preconceito da população da pequena cidade de Maycomb, por buscar provar a inocência de um negro, diante de provas claras, mas que são desconsideradas principalmente pela cor da pele do acusado. A menina acompanha de perto todos os desdobramentos desse caso que vai impactar diretamente na vida de sua família, mas sem deixar abalar ou perder os princípios que seu pai sempre ensinou aos filhos.
“O rouxinol não faz nada além de cantar para o nosso deleite. Não destrói jardins, não faz ninho nos milharais, ele só canta. Por isso é um pecado matar um rouxinol”. Um ponto forte do livro é a metáfora do rouxinol, que ao final chega para amarrar a história e tocar o leitor de forma profunda nesse romance que nos questiona e nos faz refletir sobre a sociedade atual e suas diversas injustiças, diante da inocência das crianças que muitas vezes incorporam o preconceito de seus pais e mantém ainda de forma presente, esse grande mal da humanidade.
Aliás, Atticus tenta criar seus filhos sempre de forma diferente, com princípios morais e de maneira descomplicada, o que em certo momento da história incomoda a pequena garota, que vê seu pai muito diferente dos demais, mas que ao longo do tempo vai aprendendo e percebendo o grande valor desse homem, que planta a semente da bondade e igualdade na alma de todos que o rodeiam.
A história conta com a pureza de uma criança, sem preconceitos, que acredita que o Sol realmente deve ser para todos, e se vê indignada quando percebe que somente alguns têm o direito à essa luz, julgados por conta de sua raça ou posição social.
Um livro maravilhoso e muito recomendado, que deve ser compartilhado, pois ninguém sairá o mesmo após refletir com uma história como essa.