Dica de livro: “O Homem duplicado”, de José Saramago | Crítica
O livro escrito em 2002, é ambientado na década de 1990, e conta a história de Tertuliano Máximo Afonso, um pacato professor de história, que leva sua vida no automático, sem grandes emoções ou sentimentos. Ao analisar o comportamento do colega, um professor de matemática do Colégio onde ele trabalha, indica um filme de comédia para ser visto e, talvez, quebrar um pouco do marasmo da vida do amigo.
O que parecia ser um passatempo comum, ganha desdobramentos, quando Tertuliano Máximo enxerga em certa cena, a imagem de um ator secundário extremamente igual a dele. O fato choca o professor, que logo pausa a imagem e começa a analisar, iniciando assim uma busca para descobrir quem é aquele homem.
Como na época a internet não era algo tão habitual como hoje, Máximo se dirige até a locadora onde alugou a fita, e pede para que sejam separados todos os filmes daquela produtora, os quais serão analisados um a um, até chegar ao nome do ator. Quando descobre, a vida de Tertuliano já não é mais a mesma, e todas as atitudes escolhidas vem acompanhadas de consequências irreparáveis. Fatos envolverão diretamente, Maria da Paz, sua namorada; sua mãe Carolina, e a vida do ator, Daniel Santa Clara, nome artístico de Antônio Claro, o homem que é sua cópia idêntica em todos os detalhes.
Um livro extremamente interessante e instigante, com uma narração irônica que conversa com o leitor, além dos constantes diálogos respeitando a oralidade e não a pontuação, um estilo único e já bastante conhecido de José Saramago.
Uma leitura não tão simples, em uma história complexa, mas que apresenta um enredo fascinante e curioso, além de um final surpreendente.
A obra é uma crítica sobre a perda da identidade no mundo atual, sobre o individualismo, a dificuldade em aceitar o outro e também a necessidade em interpretar em vários momentos, para tentar passar aquilo que não somos.
O livro teve uma adaptação para o cinema em 2014, em um filme dirigido por Denis Villeneuve, e estrelado por Jake Gyllenhaal, Mélaine Laurent e Sarah Gadon.