Destacamento Blood | Crítica
Da 5 Bloods é mais um hino cinematográfico de Spike Lee
Um dos maiores ativistas do movimento negro de Hollywood, Spike Lee, traz mais um filme, disponível na Netflix, que aborda o preconceito, a opressão racial e a política extrema de guerra dos EUA. O cineasta destaca os dois lados de uma guerra onde não há vencedores, existe na verdade “atrocidades dos dois lados”.
O filme caminha entre o real e imaginário, apresentando imagens chocantes da Guerra do Vietnã e de soldados negros mortos. Além disso, inclui em meio ao preconceito discursos de Malcolm X e Martin Luther King.
Lee destaca também a exploração do governo americano sobre os negros na escolha das equipes que iam à frente do combate, 32% da tropa americana eram de negros.
O longa possui uma ótima fotografia, variando as cores em meio a imagens atuais e as cenas de flashback. Aliás, nesse ponto percebemos também uma variação de formato e proporção das cenas em 4:3 e 1,85:1 e também uma trilha sonora de arrasar em toques de funk e jazz com faixas de Marvin Gaye.
Clarke Peters (Otis) tem um papel importante na questão racial quando descobre que um antigo amor, uma vietnamita, teve uma filha dele e sofre com o preconceito por ser negra. Nesse ponto Spike Lee destaca que o preconceito e a violência contra os negros está enraizada não só nos EUA, mas no mundo de uma forma geral.
Paul (Delroy Lindo) é o grande destaque do filme. Ele é o contraponto do grupo, pois além de sofrer de estresse pós-guerra e um “trumpista”. Ele é o extremo da loucura. O ator é intenso, possui diálogos reflexivos e dá um show nas cenas em close, onde parece estar conversando olho no olho com o espectador.
Da 5 Bloods (Destacamento Blood) é um drama atual que mostra a ganância, o desejo pelo poder e o racismo como extremamente nocivos. É um debate poderoso de que vidas negras importam, seja daqueles que morreram na guerra ou dos que morrem todos os dias como George Floyd.