Cracolândia – Um documentário de Edu Felistorque | Crítica
Assistimos em primeira mão o documentário dirigido por Edu Felistoque, que analisa por diferentes perspectivas, a realidade cruel dos “moradores” da Cracolândia em São Paulo, abrindo um paralelo para outros países e suas estratégias para diminuir os impactos do consumo de drogas em sua população.
Confira o teaser:
O filme aborda uma triste e chocante realidade, apresentando por meio de cenas reais, a vida das pessoas que convivem diariamente no ambiente da Cracolândia, que vista de perto nos remete a um cenário pós-apocalíptico e uma realidade paralela de nossa sociedade. Uma droga de baixo custo e que tem o seu “prazer” rápido, porém mais intenso que outras drogas, o que faz com que ela seja ainda mais viciante e devastadora.
O Crack não tem idade, tampouco classe social, todas as esferas são atingidas por essa droga, o que fica claro nas imagens desse documentário, que traz homens, mulheres, crianças e idosos, vivendo em uma zona de Guerra, defendendo o seu território contra a repreensão da polícia, e a serviço do tráfico, que lucra com essa triste realidade, cada vez mais presente nas famílias.
Um local que a polícia não está presente e que tem medo de entrar, o que torna um ambiente ainda mais corrosivo e com a presença de diversos outros crimes, como é citado o caso de pessoas seqüestradas que são levadas para lá, pois se tem consciência que a polícia não entrará.
A Cracolândia é um reflexo da nossa sociedade e deve ser analisada muito além de uma área de usuários, mas também como um negócio lucrativo e sustentado por pessoas fora desse ambiente. Por isso, o filme procura ouvir o lado daqueles que buscam uma solução para o fim desse ambiente, como também daqueles que defendem o direito do indivíduo em consumir a droga.
Uma análise bastante aprofundada, como entrevistas a usuários, ex-usuários, líderes de movimentos pró e contra a Cracolândia, moradores, além de cenas de investidas do Estado para tentar sanar esse problema.
Paralelo a isso, exemplos de abordagens realizadas no Canadá, EUA (com a distribuição de kits anti-overdose), Suíça com o antigo “Parque das Agulhas”, que assim como a Noruega, trabalham hoje com locais para o uso controlado da droga (heroína principalmente). Um questionamento difícil sobre como o Estado deve agir, como deve ser o apoio a recuperação a essas pessoas, o papel da família na ressocialização e a abordagem da polícia em suas operações nesses locais.
Um tema triste, mas que é mostrado nesse documentário de forma nua e crua, diretamente de dentro da Cracolândia, bem próximo a essas pessoas, que vivem em um Estado paralelo, uma sociedade que é retrato da nossa, mas que criou o seu próprio cotidiano.
O Documentário está sendo rodado em festivais e fica disponível hoje, 29/10, às 20h00, na plataforma do CineSesc ; a estreia prevista para o público é 2021.