“Como Nossos Pais” é consagrado na premiação do Festival de Cinema de Gramado
Antes mesmo de chegar às salas de cinema de todo o país “Como Nossos Pais”, novo longa de Laís Bodanzky, vem conquistando elogios do público, crítica e jurados. O filme acaba de ser premiado em um dos mais tradicionais festivais de cinema do Brasil, o de Gramado. Em cerimônia realizada na noite deste sábado, 26, a produção conquistou os principais prêmios entre os longas-metragens brasileiros do festival: Melhor Filme, Melhor Direção (Laís Bodanzky), Melhor Atriz (Maria Ribeiro), Melhor Ator (Paulo Vilhena), Melhor Atriz Coadjuvante (Clarisse Abujamra) e Melhor Montagem (Rodrigo Menecucci).
“Como Nossos País” estreia em todo Brasil na quinta-feira, dia 31 de agosto.
” Estou muito feliz com a premiação no Festival de Gramado, nesse festival tão importante. Estamos todos do elenco e equipe muito felizes. E eu em especial fico muito contente de o festival reconhecer a mulher na direção, um discurso feminino na tela, um filme que fala da mulher contemporânea, em um tema tão atual nos dia de hoje. Fico muito orgulhosa de representar as mulheres do audiovisual. Somos tantas mas ao mesmo tempo poucas no espaço do discurso. Fico orgulhosa de representar todas elas” – diz Laís emocionada, ao receber o prêmio ao lado dos atores Maria Ribeiro, Paulo Vilhena e Clarisse Abujamra. Também estiveram na cerimônia Luiz Bolognesi, que assina o roteiro do filme junto com Laís, e o produtor Fabiano Gullane.
“É muito gratificante perceber a reação tão positiva que o ‘Como Nossos Pais‘ tem gerado no Brasil e no mundo. Por todos os lugares em que tem passado, o filme tem encantado as pessoas e conquistado prêmios em festivais importantes como esse. Que is seja o indicativo de uma linda carreira de sucesso tanto no Brasil como no mercado internacional”, ressalta o produtor Fabiano Gullane.
Com uma carreira internacional iniciada em janeiro último no 67ª Festival de Berlim – onde participou da Mostra Panorama Especial – foi aclamado pela crítica especializada e pelo público. Antes de Gramado, “Como Nossos Pais” já havia recebido o prêmio de Melhor Filme escolhido pelo público no Festival de Cinema Brasileiro de Paris, em junho último. Vendido para mais de 30 países, entre eles China e Turquia, o longa já estreou em países como Holanda, Bélgica e Luxemburgo.
O filme acompanha a vida de Rosa (Maria Ribeiro), uma mãe de família que tenta dar conta de suas obrigações pessoais e profissionais. Em um almoço de domingo, sua mãe faz uma revelação surpreendente, que a faz questionar sua identidade e relação com todos ao seu redor. Clarisse Abujamra, Paulo Vilhena, Jorge Mautner e Herson Capri também estão no elenco.
“Como Nossos Pais” tem roteiro de Laís Bodanzky e de Luiz Bolognesi. Produção da Gullane e da Buriti Filmes em coprodução com a Globo Filmes, o longa tem distribuição da Imovision.
Colega de cena, Paulo Vilhena também foi reconhecido pela interpretação de Dado. No discurso, ele aproveitou para criticar o governo federal.
“O cara que está lá representando a gente querer nos prejudicar, vá lá, entendemos. Somos adultos e crescidos. Agora ele querer prejudicar nossos filhos e netos, acho que vale nosso pensamento de atitude. Fora Temer e viva a Amazônia”, disse.
“As Duas Irenes”, de Fábio Meira, também saiu vitorioso: melhor roteiro, ator coadjuvante para Marco Ricca, direção de arte e Prêmio da Crítica. “Bio”, de Carlos Gerbase, foi reconhecido pelos jurados, com os troféus do Júri Popular e Prêmio Especial do Júri.
Ao todo, 44 filmes foram exibidos dentro da mostra competitiva do Festival de Gramado, entre curtas e longas-metragens, nacionais e estrangeiros. Os vencedores levaram para casa o Kikito e um prêmio em dinheiro.
A festa
A cerimônia começou com atraso de quase 1 hora e foi conduzida pelo trio de apresentadores Werner Schünemann, Marla Martins e Renata Boldrini. Iniciou com um número de dança, inspirado no filme “Toda Nudez Será Castigada”, de Arnaldo Jabor, vencedor da primeira edição do evento, em 1973, e discursos e histórias sobre os 45 anos de festival, o mais antigo e ininterrupto do país.
A atriz e cantora argentina Soledad Villamil também se apresentou na festa. Famosa pela atuação no oscarizado “O Segredo dos Seus Olhos”, de Juan José Campanella, ela foi homenageada na última quinta (24) no evento com o Kikito de Cristal.
Entre os longas-estrangeiros, destacou-se o argentino “Pinamar”, de Federico Godfrid, que ganhou os prêmios de melhor direção e melhor ator para Juan Grandinetti e Agustín Pardella.
“Não sei o que dizer. Obrigado a todos. Vamos cortar o Kikito em pedaços, porque o prêmio é de todos da equipe”, brincou o diretor.
Outro argentino, “Sinfonía para Ana”, de Virna Molina e Ernesto Ardito, foi eleito melhor filme do ano.
Na categoria dos curtas brasileiros, Nando Cunha, que foi eleito melhor ator, chorou ao receber o prêmio.
“O filme nasceu de um desejo de eu querer mostrar outro trabalho. As pessoas só me conheciam pelo humor. Eu queria muito mostrar que não era só um ator de comédia. E eu queria muito provar que nós atores negros somos mais que atores negros. Somos atores comuns. E podemos fazer qualquer trabalho. Romeu, Hamlet, qualquer coisa. Somos atores. Somos artistas”, discursou.
O diretor trans Calí dos Anjos venceu o prêmio de melhor direção pelo trabalho em “Tailor”, um documentário e animação sobre um cartunista também transgênero. Ele também foi agraciado com o Prêmio 150 Anos Canadá Para Jovens Cineastas, e ganhou uma viagem para estudar cinema no país norte-americano.
Também foram homenageados na cerimônia os profissionais que morreram no último ano. Foram muito aplaudidos os nomes de Elke Maravilha, Nelson Xavier e Domingos Montagner.
Filme vencedor estreia nos cinemas na quinta
“Como Nossos Pais” aborda as agruras da mulher contemporânea e a relação dela com a família, principalmente com a mãe, com quem vive às turras. A protagonista Rosa ainda precisa lidar com um emprego indesejado, com as ausências do marido, um ambientalista que viaja seguidamente a trabalho, e com os cuidados com as duas filhas pequenas.
Após passar por festivais europeus, também com excelente recepção, o filme teve a primeira exibição no Brasil em Gramado, no dia 19, e agora estreia nos cinemas na próxima quinta, dia 31 de agosto.
“Sinceramente, acho que o filme é um sucesso independente do público. Claro que a gente torce para que o filme tenha uma boa acolhida, mas a gente não pode pensar só nisso. Tomara que as pessoas gostem, mas pra gente já é um sucesso”, comentou Maria Ribeiro sobre a expectiva.
“O filme nasceu aqui, teve a primeira exibição em Gramado. E agora ele nasce para os cinemas assim, cheio de Kikito”, disse, orgulhosa, a diretora Laís Bodanzky.
Veja a lista completa dos vencedores:
Longa-metragem brasileiro
- Melhor filme: “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
- Melhor direção: Laís Bodanzky, por “Como Nossos Pais”
- Júri Popular: “Bio”, de Carlos Gerbase
- Prêmio Especial do Júri: Carlos Gerbase, por “Bio”
- Troféu Cidade de Gramado, prêmio do Júri: Eliane Giardini e Paulo Betti
- Melhor ator: Paulo Vilhena, por “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
- Melhor atriz: Maria Ribeiro, por “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
- Melhor roteiro: Fábio Meira, por “As Duas Irenes”
- Melhor direção de arte: Fernanda Carlucci, por “As Duas Irenes”, de Fábio Meira
- Melhor atriz coadjuvante: Clarisse Abujamra, por “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
- Melhor ator coadjuvante: Marco Ricca, por “As Duas Irenes”, de Fábio Meira
- Prêmio da Crítica: “As Duas Irenes”, de Fábio Meira
- Melhor fotografia: Fabrício Tadeu, por “O Matador”, de Marcelo Galvão
- Melhor trilha musical: Ed Côrtes, por “O Matador”, de Marcelo Galvão
- Melhor desenho de som: Augusto Stern e Fernando Efron, por “Bio”, de Carlos Gerbase
- Melhor montagem: Rodrigo Menecucci, por “Como Nossos Pais”, de Laís Bodanzky
Longa-metragem estrangeiro
- Melhor filme: “Sinfonía para Ana” (Argentina), de Virna Molina e Ernesto Ardito
- Melhor direção: Federico Godfrid, por “Pinamar” (Argentina)
- Melhor filme, pelo Júri Popular: “Mirando al Cielo” (Uruguai), de Guzmán García
- Prêmio Especial do Júri: “Los Niños” (Chile/Colômbia/Holanda/França), de Maite Alberdi
- Prêmio da Crítica: “Pinamar” (Argentina), de Federico Godfrid
- Melhor roteiro: Joel Calero, por “La Ultima Tarde” (Peru)
- Melhor ator: Juan Grandinetti e Agustín Pardella, por “Pinamar” (Argentina), de Federico Godfrid
- Melhor atriz: Katerina D’Onofrio, por “La Ultima Tarde” (Peru), de Joel Calero
- Melhor fotografia: Fernando Molina, por “Sinfonía para Ana” (Argentina), de Virna Molina e Ernesto Ardito
Curta-metragem brasileiro
- Melhor filme: “A Gis”, de Thiago Carvalhaes (SP)
- Melhor direção: Calí dos Anjos por “Tailor” (RJ)
- Melhor filme, pelo Júri Popular: “A Gis”, de Thiago Carvalhaes (SP)
- Melhor ator: Nando Cunha, por “Telentrega”, de Roberto Burd (RS)
- Melhor atriz: Sofia Brandão, por “O Espírito do Bosque”, de Carla Saavedra Brychcy (SP)
- Prêmio 150 Anos Canadá Para Jovens Cineastas: Calí dos Anjos por “Tailor” (RJ)
- Prêmio Canal Brasil: “O Quebra-cabeça de Sara”, de Allan Ribeiro (RJ)
- Prêmio Especial do Júri: “Cabelo Bom”, de Swahili Vidal (RJ)
- Júri da Crítica: “O Quebra-cabeça de Sara”, de Allan Ribeiro (RJ)
- Melhor roteiro: Carolina Markowicz, por “Postergados” (SP)
- Melhor fotografia: Pedro Rocha, por “Telentrega”, de Roberto Burd (RS)
- Melhor desenho de som: Fernando Henna e Daniel Turini, por “Caminhos dos Gigantes”, de Alois Di Leo (SP)
- Melhor trilha musical: Dênio de Paula, por “O Violeiro Fantasma” de Wesley Rodrigues (GO)
- Melhor direção de arte: Wesley Rodrigues, por “O Violeiro Fantasma” (GO)
- Melhor montagem: Beatriz Pomar, por “A Gis” de Thiago Carvalhaes (SP)