“A Espiã Vermelha” | Crítica
O estilo novelesco da cinebiografia “A Espiã Vermelha” não tira o brilho da história e nem do filme. A cinebiografia é um gênero que pode conduzir-se por diferentes abordagens e ainda ter boa parte do seu apelo garantido. O objetivo maior, afinal, é conhecer a história do biografado. “A Espiã Vermelha” é um desses filmes.
Ainda que apresente contornos novelescos, o filme do diretor Trevor Nunn, que deu vida a Joan Stanley é fascinante. Judi Dench e Sophie Cookson interpretam a cientista britânica que foi descoberta como espiã da KGB com quase 80 anos de idade. O início de suas interpretações pareciam distantes, mas aos poucos foram encontrando a mesma direção.
Judi Dench destoa da inocência esperada dos idosos, enquanto o passar do tempo dá peso para a versão de Sophie Cookson. É uma proposta interessante frente às mudanças que a própria espiã passou em vida, de jovem romântica a espiã por uma causa.
O filme possui uma estrutura convencional. O foco nos romances da vida da cientista, com o Leo (Tom Hughes) e Max (Stephen Campbell Moore), é o que deixa a obra com cara de novela das nove.
Os dois relacionamentos definem seu caminho, mas recebem muito mais atenção do que os problemas políticos e científicos de alguém que participou de um grupo de desenvolvimento da bomba atômica e compartilhou as informações com a KGB por julgar que o conhecimento impediria uma nova guerra mundial.
Joan Stanley foi uma mulher forte bem à frente do seu tempo, não por sua vida íntima, mas por sua forma de agir com a vida.
Com uma direção de arte e figurino impecáveis, “A Espiã Vermelha” é uma biografia que se firma graças às boas atuações das atrizes. Serve como introdução à vida de uma grande mulher que se não fosse a descoberta acidental de seus segredos , a mesma permaneceria incógnita.
Desde o dia 16 de maio, os cinemas trazem uma história que precisa ser contada, não importa a forma.