Batman | Crítica
Batman é um personagem em que se aceitam várias facetas no universo cinematográfico. Já vimos de tudo relacionado ao personagem nas telonas. Do Batman tecnológico ao caricato, como da década de 60, das animações aos crossovers como com a turma do Scooby-Doo.
Talvez o homem-morcego seja o único personagem em que recriá-lo não é um erro, mas sempre uma oportunidade de se explorar algo novo. Batman de Matt Reeves é de fato o novo. A exploração de uma visão nunca vista do personagem, que se mostra, pela primeira vez, imaturo e aprendendo a investigar os fatos sem saber separar emoção pessoal do que “seria o certo a fazer”.
Matt Reeves (Planeta dos Macacos e Cloverfield – Monstro) é sábio ao explorar uma área que sempre foi deixada de lado, mesmo nas franquias de sucesso do homem-morcego como a de Christopher Nolan. No novo filme temos um Batman que ainda está se encontrando, com uma missão, que de início, é apenas por vingança pela morte dos pais.
Até por isso, vemos um personagem muito mais violento, sem lei, quase sem escrúpulos, do que nas outras milhares de facetas que já assistimos em outros filmes do morcego. Esse Batman é vingativo e não tem o ar de bonzinho, ele desce a porrada sem dó nem piedade.
No longa, o homem-morcego passa boa parte do tempo tentando descobrir o que é verdade e o que é mentira, o que é real e o que é fantasia, andando por uma linha tênue entre o que é certo ou errado na sua missão. Até porque precisa conviver com uma Gotham tomada pela loucura, não enlouquecer ali é para poucos.
Outro fato importante é que temos um Batman investigador, a la Sherlock Holmes. Não é um herói na essência da palavra como em outros filmes, mas sim um jovem aprendiz. Até por isso ele não é tão solitário e não age sozinho. Se temos um fiel escudeiro, Batman tem Jim Gordon como seu braço direito no filme.
Por falar em braço direito, a Mulher-Gato de Zoë Kravitz, tem uma química perfeita com o personagem de Robert Pattinson. É perceptível como Batman tem um senso de julgamento diferente e aceita um pouco de “criminalidade” da personagem para estar perto dela.
No quesito protagonista do longa, a má impressão de alguns com a escolha de Robert Pattinson para o papel cai por terra assim que ele aparece em cena. O ator é o grande destaque do filme e vive intensamente a essência Batman de ser. As expressões faciais, o tom de voz e as reações em cada situação não deixam dúvidas de que Pattinson foi a escolha certa para a franquia.
O filme se destaca também pelas boas cenas de combate, com violência extrema, aliás, e pela perseguição do Batman, com seu novo Batmóvel, ao Pinguim. Uma sequência sem efeitos visuais e de tirar o fôlego com o morcego roncando o motor do seu V8, com design muscle car norte-americano saído lá da década de 50.
Quanto aos vilões a franquia abre um leque tão grande que se cria um desejo natural de que o longa tenha continuidade. O destaque principal desse primeiro filme fica por conta do Charada, um psicopata completamente lunático e de dar arrepios.
Aliás, nada melhor do que ter escolhido tal personagem para representar a loucura de Gotham. Não muito atrás temos o Pinguim, que tem uma boa participação na história, apesar de não ser o objeto de perseguição do homem-morcego no filme, e que deixa uma história curta, mas de grande potencial de exploração em possíveis sequências. É impossível deixar de lado também o Carmine Falcone de John Turturro que é parte central do roteiro e um dos grandes motivos da decadência e corrupção de Gotham.
Batman é o novo! É um filme com mais de 2h40, mas que aproveita esse tempo para introduzir uma franquia recheada de histórias a serem exploradas, com um Batman em construção da sua “carreira”, e que tem tudo para deixar boas marcas para os fãs e amantes do cinema.