“Babenco”, confira nossa crítica do indicado do Brasil para concorrer ao Oscar

“Babenco”, confira nossa crítica do indicado do Brasil para concorrer ao Oscar

“Babenco – alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”. Assistimos em primeira mão o documentário indicado do Brasil para concorrer ao Oscar 2021.

A produção, dirigida por Bárbara Paz, sua esposa, é retratada desde o início como o último filme de Hector Babenco, um cineasta argentino, naturalizado brasileiro, que faleceu em 2016. O enredo, aliás, se passa durante os últimos momentos do diretor, ao lado da esposa, que registra de forma intimista, a sua luta contra as doenças enfrentadas e sua força de seguir em frente convivendo com a nova realidade, como ele mesmo diz no filme.

A trilha sonora e a fotografia (toda em preto e branco), são os grandes aliados dessa produção de excepcional qualidade, e trazem o clima emotivo e de drama, mostrando de perto, a intimidade de Babenco, seus medos, memórias e reflexões. O enquadramento de câmera e sua movimentação, nos passam ainda mais a sensação de proximidade e envolvimento com o que é retratado.

Contrastando com as cenas reais, aparecem cenas de seus filmes, como Pixote, O Rei da Noite, Carandiru Doc, Ironweed, O Beijo da Mulher Aranha, entre outros. Esse último aliás, rendeu uma indicação para melhor direção ao Oscar de 1984.

Babenco também traz alguns relatos durante o filme, falando do seu carinho com o Brasil, mas ao mesmo tempo de sua falta de raiz com uma nação, seja ela a Argentina, onde nasceu, ou mesmo com o Brasil, país que adotou. 

Algumas cenas nos chocam bastante, como a que Bárbara raspa o seu cabelo, por conta da quimioterapia, assim como os momentos em que está em consulta médica, mostrando os efeitos que a doença começa a lhe causar, como dificuldade para movimentar as pernas, dor e esquecimento.

O ator Willen Dafoe, que também é produtor do filme, aparece em alguns momentos, interpretando e interagindo com Hector. Bárbara Paz, mostra a sua relação como esposa, sempre com muito amor e afeto, vivendo ao lado do marido todo o drama e sofrimento de seus últimos anos. Ela, inclusive, aparece no final do filme em uma cena de dançando na chuva, elogiada pelo marido, que dizia que essa seria a última cena que ele queria dirigir.

Um paralelo muito forte entre o sofrimento da doença, já diagnosticada há muito tempo, e a arte; fatos que conviveram juntos com o diretor em algumas produções, mesmo sendo desenganado pelos médicos.

Um dos pontos fortes do filme é quando Hector diz que não morrerá, que as pessoas pensarão isso, mas ele estará em Hong Kong com uma deusa do cinema, mensagem que encerra esse documentário que chega com força como candidato a representar o Brasil no Oscar, não somente pela qualidade de sua produção, mas também por tudo que Hector Babenco representa para o cinema mundial.

Esse é o primeiro documentário indicado ao Oscar estrangeiro pelo Brasil. Um retrato íntimo, forte e emotivo, mostrado com todo o amor possível, nas lentes e direção de Bárbara Paz.

Confira o trailer do filme:

O filme estreia nos cinemas em 26 de novembro!