Atypical | “Esse moletom é meu”
Ás vezes ficamos tão concentrados nas partes irritantes das pessoas que esquecemos das partes boas. Foi assim que Sam (Keir Gilchrist) descobriu que, por mais que a Paige (Jenna Boyd) o irrite, mais irritante ainda é estar longe dela. Que fofo, não?!
“Atypical” é assim… um misto de emoções que vai te contagiando do começo ao fim.
É uma delícia acompanhar a trajetória de alguém com o qual não estamos acostumados a conviver. Alguém que fale a verdade e seja encaixado como ‘imperfeito’ pela sociedade. É uma delícia perceber que os ‘imperfeitos’ estão em todo lugar ao redor do protagonista. As imperfeições nos segredos e erros de cada membro da família do Sam só demonstram o quanto temos muito ainda a aprender a nós portar como seres humanos e buscarmos melhor nos relacionarmos.
Especificamente neste 5º episódio da primeira temporada da série, “Esse moletom é meu”, foi muito bonito Sam perceber que alguém se importou tanto com ele, ao ponto dessa pessoa querer entendê-lo.
Temos medo de entender o que é diferente para nós ou o que não estamos familiarizados. Isso pode ter levado o pai de Sam, Doug (Michael Rapaport) a ter se afastado do filho por tantos anos ou, pleo simples fato dele não ter comentado para um grande amigo do trabalho que o filho é autista.
Ao mesmo tempo que Doug se aproxima de Sam e começa a se envolver mais com a família que tem, vemos uma mãe tão dedicada por tantos anos, se jogar nos braços de um homem mais novo e charmoso. É interessante entendermos que apesar de caminhos opostos, ambos estão buscando algo melhor para si mesmos. Elsa (Jennifer Jason Leigh) sempre viveu a vida pelo Sam e em entender e se aprofundar no assunto do autismo que deixou de lado a própria vida. Quando Nick (Raúl Castillo) aparece na vida dela em um dos poucos momentos em que ela não possui todas as obrigações e responsabilidades de ser a “mãe de um autista”, um ar novo surge.
Tudo bem, estamos falando aqui de traição. Ela é casada, mas fica claro como a série nos aponta para os inúmeros caminhos que cada personagem vai trilhando a partir de suas escolhas e o quanto esse caminho pode ser benéfico para eles. Veja a irmã de Sam, Casey (Brigette Lundy-Paine), por uma escolha pode frustrar a ida para um colégio melhor e ter oportunidades melhores como atleta. Trata-se de mais uma pessoa que, a vida inteira viveu sendo a “irmã do Sam” e agora tem a oportunidade de traçar vôos sozinha, mesmo ficando evidente que o desligamento com o irmão não será fácil.
Percebe que no centro de tudo isso, está Sam. Direta ou indiretamente, mas ele está lá.
Pode parecer que Sam é uma pedra para que as pessoas a sua volta possam de fato ser quem elas são, mas é interessante como nota-se que na realidade é o contrário. Sam sempre foi bloqueado pelo mundo a sua volta e aí entra o papel da sua psicóloga Julia (Amy Okuda) que o ajuda a desbloquear esses caminhos e ver novos horizontes.
É incrível como cada personagem é muito bem desenvolvido, trabalhado e interessante de se acompanhar… Desde os mais pequenos papéis, até o protagonista, “Atypical” é sutil, engraçada, emocionante e deliciosa de se assistir.