Atravessa a Vida | Crítica

Atravessa a Vida | Crítica

Estreia amanhã (14/01), nos cinemas o mais novo trabalho do diretor João Jardim (Getúlio), “Atravessa a Vida”. O filme/documentário acompanha os desafios de alunos no último ano do ensino médio no interior do Sergipe.

Numa das fases mais complicadas da vida, onde tudo acaba sendo mais intenso do que devia, em que se vislumbra que as ações feitas de maneira errada ou não pensada podem acarretar em problemas maiores do que se consegue sustentar, fase em que os hormônios e as personalidades dão sinais “emergenciais “ de que estão em seus limites, estes e mais um “combo” de temas são abordados de modo verídico e autêntico em pouco mais de uma hora de duração em tela. 

Tendo como cenário uma escola em reforma, e conflitos do local como a falta de professores e a tensão pré-ENEM, conhecemos diversos alunos em sua rotina escolar, que constroem o roteiro base do DOC de maneira natural.  

É entre as aulas filmadas que saem os diálogos, as reflexões, os “plot twits”, a carga dramática e os alívios cômicos. São rodas de conversas e debates que surgem os temas, os tabus e as contradições, ditas pelos alunos, muitas vezes questionadas pelos professores. 

Tópicos que são apresentados sem medo, verbalizados justamente por quem está aprendendo o que pensar em relação a tais questões, são eles, aborto, pena de morte, religião e política, esses que por muita gente são vetados em conversas, alegando ser polêmico para se debater, mas que geram discussões saudáveis e didáticas dentro desse âmbito apresentado. 

Cenas mais intimistas são inseridas em depoimentos feitos de frente a câmera, onde os jovens abrem seus corações sobre suas inseguranças, traumas, o que esperam do futuro, e a influência de problemas pessoais em seus estudos. 

É evidente que a pressão nessa fase específica da vida é quase uma tortura. A necessidade de exigir de si mesmo uma resposta que acarretará no que você se tornará no futuro chega a ser angustiante, essa pressa que é estabelecida junto ao turbilhão de sentimentos com o encerrar de uma importante fase na vida do jovem é muito complicada e, abre margem para diversas situações adversas, afinal nem todo mundo cresce e se desenvolve sabendo o que de fato quer da vida. 

Com muita leveza, naturalidade, mas sem perder a intensidade, João Jardim soube conduzir uma obra efetivamente sensível e necessária, cada palavra ou situação apresentada carrega muita identificação, tornando impossível a não solidarização aos sonhos e conflitos desses jovens.