“Ad Astra – Rumo às Estrelas” | Crítica
Ambientada num futuro próximo, a ficção-científica “Ad Astra – Rumo às Estrelas“, traz Brad Pitt no papel do Major Roy McBride, um astronauta com uma carreira intocável e uma experiência surreal. O mesmo está viajando pela vastidão do espaço, mais precisamente na órbita de Netuno, à procura de seu pai, um homem a quem ele mal conheceu, e também para tentar resolver o problemas de uma série de raios cósmicos que ameaçam a vida no planeta Terra. E que tudo indicam estarem relacionados ao desaparecimento de seu pai.
“No final das contas, o filho acaba sofrendo pelos erros do pai,” é o que explica o personagem McBride através de uma narração, à medida em que sua nave aponta rumo à escuridão espacial. Tal explicação encontra sentido na figura do pai H. Clifford McBride (Tommy Lee Jones), um brilhante astronauta que sumiu em ação anos antes e que pode, de algum modo, ser o responsável pela crise atual.
Os superiores de Roy (Brad Pitt) explicam que o que eles querem é apenas que seu pai volte para casa, quando na verdade o que querem é acabar com seu comando e puni-lo. Roy recebe tal noticia com um mínimo de emoção, afinal, seus sentimentos por seu pai sempre foram retraídos; ele nem mesmo tem certeza de que quer reencontrá-lo vivo.
Roy finalmente aporta em Marte e agora ele está sozinho e em risco, a mais de 55 milhões de quilômetros da Terra. É neste ponto que o filme começa colocar sua conta e risco, se libertando de qualquer amarra narrativa e assumindo toda uma ‘encheção de linguiça’ sci-fi.
O filme se transforma em uma implacável parábola sobre paternidade desesperada e filhos problemáticos, Roy um homem frio e calculista, vê seus batimentos cardíacos aflorarem à medida em que sua missão ganha maus contornos. Ele então corta sua comunicação com a Terra e se prepara para encarar seus fantasmas, viajando cada vez mais para dentro da escuridão onde os horrores revelam-se cada vez mais.
Brad Pitt tem uma interpretação minimalista! Como intérprete, o astro alcançou um nível que poucos atores da atualidade chegaram a ter. A naturalidade do ator no papel é tamanha, que algumas de suas cenas poderiam ser vistas como imagens reais de algum vídeo sobre astronautas produzido pela Nasa.
O filme é dirigido pelo majestoso James Gray, que também escreveu o roteiro em parceria com o formidável Ethan Gross. Tal currículo deixa claro que o diretor é um cineasta acostumado às grandes produções, porém “Ad Astra – Rumo às Estrelas” é sem dúvida alguma seu projeto mais grandioso, uma esplendorosa ópera espacial que funciona de forma impactante e psicológica devido sua temática sombria e seus repentinos flashes de violência.
“Ad Astra – Rumo às Estrelas“, mesmo oferecendo uma avançada tecnologia envolvida em sua execução, é na realidade uma jornada que remete aos ângulos mais íntimos e perigosos da natureza humana.
O filme nos coloca dentro da imensidão e silenciosa escuridão do espaço. Temos aqui uma obra extraordinária e sólida que além de montada com extrema competência técnica e visual, nos embarca não apenas em uma jornada espacial e sim aos confins do espírito humano.
O filme chega as telonas nesta quinta-feira, dia 26 de setembro.