“A Vida Invisível” | Crítica

“A Vida Invisível” | Crítica

Após algumas sessões especiais de pré-estreia, chega aos cinemas de todo Brasil o filme “A Vida Invisível”, contrariando algumas apostas que indicavam “Bacurau“, esse foi o filme escolhido para concorre a uma vaga no Oscar 2020.

Narrando um Rio de Janeiro nos anos 40, conhecemos uma família de descendência portuguesa que vive num “regime” Patriarcal. Eurídice que é uma das filhas, é mais introvertida e usa como meio de sair de casa o casamento, porém sem amor, tendo a liberdade de seu pai como único propósito, já Guida, irmã mais velha de personalidade mais “expansiva”, foge de casa com seu namorado. Os anos se passam e muita coisa muda na vida das irmãs, ambas vão tendo experiencias únicas e ao mesmo tempo traumáticas, longe uma da outra, o que as restam é a tentativa de se corresponderem por cartas.

(Imagem: Divulgação)

De uma delicadeza única e ao mesmo tempo pesado, o longa nos faz viajar no tempo e se infiltras nas histórias das protagonistas de modo sorrateiro, implícito e quase invisível, são tantos os sentimentos incorporados nesse roteiro que chega a arrepiar em pensar o como o nosso cinema nacional cresceu e criou uma obra com essa magnitude.

Carregado de mensagens necessárias a se compartilhar, acompanhamos perfis de grandes mulheres, que vivem situações tão típicas que entristece e deprime ainda mais em pensar que ainda é algo atual, mesmo se passando a mais de 60 anos atrás.

(Imagem: Divulgação)

Um trabalho impecável de todo o elenco, e direção formidável de Karim Aïnouz, um destaque especial a toda expressividade e vulnerabilidade das protagonistas Carol Duarte e Julia Stockler, que entregaram nada mais do que um trabalho perfeito, que com olhares e silêncios trouxeram em cena angustia, tristeza e força de modo tão verossímil e crível que com toda certeza emocionará muita gente.

(Imagem: Divulgação)

São diversos os aspectos relevantes que o filme revela, são histórias de tantas mulheres ali numa grande tela, pronto para se identificar, uma exposição nítida da opressão feminina, que infelizmente transcende os anos, mas que de maneira quase didática deixa bem claro que a resistência existe, persiste e que elas não se calarão ou deixaram de ser lembradas.