“A Luz no Fim do Mundo” | Crítica
Uma jornada paternal emocionante, assim posso descrever esse filme que com o pano de fundo possui uma situação apocalíptica. “A Luz no Fim do Mundo” é dirigido, roteirizado e protagonizado por Casey Affleck, que finalmente consegue sair da sombra de seu irmão mais velho, Ben Affleck e, ao mesmo tempo se aproximar do seu irmão oscarizado por “Argo” em uma direção simples e firme quando precisa ser.
Escândalos ainda batiam na porta do Affleck mais novo e até ofuscaram a atuação correta em “Manchester à Beira-Mar” de 2016. Com esse filme, Casey Affleck ganhou seu primeiro Oscar, apesar daquele ano termos um Andrew Garfield muito inspirado em “Até o Último Homem” e um Viggo Mortensen vibrante em “Capitão Fantástico“.
O que poderia dividir opiniões em “Manchester à Beira-Mar“, em “A Luz no Fim do Mundo” Casey Affleck consegue se sobressair e entregar muito amadurecimento tanto diante das câmeras, quanto fora delas.
O título em inglês, “Light of My Life“, é ainda mais forte em todo o simbolismo que o filme traz durante seu desenrolar. A LUZ no título não se refere simplesmente uma esperança para um mundo devastado e desesperançoso; mas também é a LUZ que o pai, interpretado por Casey Affleck, encontra em sua filha, Rag (Anna Pniowsky).
O filme acompanha Pai (Affleck) e Filha (Pniowsky) em uma jornada de sobrevivência diante de uma sociedade devastada por uma pandemia. Pode parecer se tratar de um filme cheio de ação, mas pelo contrário; ele preza por construir o relacionamento entre pai e filha e ir encaixando as peças do mistério da constante necessidade do pai a protegê-la a todo custo.
Os flahsbacks também com a participação de Elisabeth Moss são tocantes e nos envolve ainda mais na trama.
A temática do filme não é original, já vimos isso em “Filhos da Esperança” de 2006, mas aqui há uma grande diferença quando se aprofunda ao extremo a relação paternal; além de duas excelentes performances com o toque de poesia que paira no filme o tempo todo.
Casey Affleck consegue dar o ritmo certo durante todo o filme – quando fica mais lento, eis que é injetado uma dose de adrenalina que nos desperta para a história. Necessitamos de certas doses temporárias ao nos acostumarmos com os blockbusters que se refugiam em efeitos especiais e grandes artifícios visuais na tela.
Ousado em entregar poucas cenas de ação e longos diálogos, além de pouco explicar sobre as origens da pandemia, “A Luz no Fim do Mundo” acerta em nos mostrar que é importante diminuirmos a marcha de vez em quando e apreciarmos a jornada que vamos trilhando.