A Caminho da Lua | Crítica
“A Caminho da Lua é a Disney sem ser de fato a Disney”.
A nova animação da Netflix conta a história da jovem Fei Fei, que constrói um foguete para tentar chegar à lua para encontrar a deusa lunar Chang’e.
Com uma roupagem dos clássicos da Disney a animação tem na direção e coordenação o lendário animador da Disney, Glen Keane, que esteve à frente da criação de personagens como Ariel, a Fera, Pocahontas, Tarzan e Rapunzel. O mais interessante de tudo é que o estúdio responsável pela animação é o chinês Pearl, fugindo um pouco do radar dos grandões do cinema.
A Caminho da Lua é uma animação visualmente bonita e extremamente colorida, misturando o 2D com o 3D. As cenas na lua, aliás, são um deleite para quem gosta de ambientes e personagens multicoloridos. Nesse novo universo tudo é extremamente mágico e salta aos olhos logo de cara. Essa introdução a um universo mágico também nos faz lembrar de “Alice no País das Maravilhas” e por que não comparar Gobi, o novo amigo de Fei Fei na lua, ao Chapeleiro Maluco? Até, por isso, vemos um toque de Disney no sentido de magia da coisa toda.
Temos também diversos números musicais ao longo do filme, sequenciais, até um pouco exagerados e cansativos às vezes, quebrando o ritmo da história. Isso não quer dizer que não são bonitos, é difícil não sorrir e não se emocionar nas apresentações da rainha Chang’e e de Gobi com Fei Fei.
A semelhança com as excelentes animações da Pixar-Disney-Dreamworks não param por aí. O roteiro segue bem a linha dos principais filmes desses estúdios e a superação, o heroísmo e o final feliz são partes integrantes da animação. O mote é “precisamos superar as perdas, deixá-las para trás para conseguirmos seguir em frente”. Pois, “cada momento que temos é uma chance de algo novo”.
No sentido de clímax e final surpreendente a animação peca um pouco. Pois, desde o início os mais atentos saberão qual o desfecho da história. Isso não quer dizer que o final não emociona e com certeza faz o espectador pensar sobre a necessidade de seguir em frente mesmo em meio aos medos e problemas. Tão atual nesse ano difícil, né amigos?
Outro destaque é o forte contexto histórico, cultural e místico, que nos faz lembrar de animações como Mulan e Moana. O filme se esforça bastante, com sucesso, para não cair em uma história americanizada. A história se passa na China e tudo que a sustenta gira em torno da lenda chinesa, sem fugir disso. As cenas em que a deusa Chang’e canta em chinês são belíssimas.
A Caminho da Lua é a Disney sem ser de fato a Disney. Uma animação divertida, mágica, com canções extremamente destacadas para beliscar um Oscar e personagens extremamente carismáticos como Gobi e o coelho Pulinho. Um filme para toda família e que vale à pena acompanhar.