“A Bibliotecária de Auschwitz” | Dica de Livro

“A Bibliotecária de Auschwitz” | Dica de Livro

“Num lugar como Auschwitz, onde tudo é projetado para fazer chorar, o riso é um ato de rebeldia.”

A história da Segunda Guerra Mundial é formada por diversos heróis, alguns mais conhecidos e outros anônimos, que com atos de coragem conseguiam trazer um pouco de cor à vida de pessoas que sofriam com as atrocidades dos nazistas. E assim também foi a vida de Dita Adlerova, uma menina levada com seus pais para o campo de concentração de Auschwitz, conhecido como o mais mortal e cruel desse período.

Por meio de uma pesquisa aprofundada e também relatos da própria protagonista, como é explicado pelo autor no final do livro, Iturbe produziu um livro extremamente detalhista e profundo, que leva o leitor ao ambiente da jovem e corajosa garota, que contra as regras do campo, criou juntamente com o professor judeu, Fredy Hirsh, uma escola secreta dentro do Bloco 31, levando um pouco mais de vida à 500 crianças que passaram por Auschwitz, e que conviviam diariamente com o sofrimento de pessoas condenadas à morte lenta.

Com a proibição dos livros pelo governo de Hitler, Dita escondia exemplares dentro de seu vestido, arriscando a sua própria vida para contar às crianças, histórias de um mundo que parecida imaginário, um universo que estava bem longe do que era visto por elas. Assim ela cuidou de uma biblioteca de apenas oito exemplares, mas que se tornava gigante diante do bem prestado aos pequenos que ali estavam, muitos deles foram executados durante a estadia em Auschwitz, mas nos pequenos momentos de estudos, eles conseguiam viver em um mundo paralelo e avesso ao que ocorria no campo.

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Inclusive Dita, que vivencia a morte de seu pai e, posteriormente, a morte de sua mãe no campo de Bergen-Belsen, mesmo com a rendição dos alemães, uma mulher forte que resistiu por tanto tempo, mas no momento de aproveitar a liberdade, se rendeu aos males do Tifo, uma doença que se alastrava como praga entre os internos.

Outro ponto bem interessante da obra é o relato de Dita sobre a morte da menina Anne, com que viveu escondida em um anexo secreto em Amsterdã, antes de serem descobertos e capturados pelos soldados de Hitler. Muitos anos depois a menina ficaria conhecida pelo seu diário que relatava a sua vida na guerra, na obra “O Diário de Anne Frank”.

Uma leitura que em alguns momentos parece mais lenta e arrastada, assim como a vida dessas pessoas, que sobreviviam, dia à dia, na esperança de sua liberdade com o fim da guerra, lidando com a frieza e maldade dos soldados da SS; entre eles figuras conhecidas, como o médico da morte Josef Mengele, que utilizava crianças para os seus experimentos mortais, assim como também era responsável pela seleção de judeus nas câmaras de gás. Mengele, inclusive, fugiu para o Uruguai após o fim da Guerra, posteriormente para a Argentina, e em 1979 morreu na praia de Bertioga, litoral de São Paulo, após um infarto.

Resultado de imagem para A Bibliotecária de AuschwitzA forma como os judeus eram tratados nos revolta e nos mostra como a maldade do ser humano pode chegar a um ponto extremo, quando alimentada por um líder com pensamento doentio e alucinado, como era o do líder nazista, Adolf Hitler. Os corpos de judeus, já esqueléticos e extremamente irreconhecíveis, eram jogados em valas, como sacos de areia e já não causavam mais estranheza, nem mesmo revolta por parte dos companheiros de campo de concentração. Afinal, o que era mais vantajoso e menos desumano, viver à margem sob tortura doentia ou se entregar à morte para descansar a alma em paz? E esse pensamento também fazia com que poucos soldados alemães formassem um grupo contrário e fizessem parte de uma resistência que planejava se virar contra o sistema, mas que sabiam que isso seria um suicídio certo e, por isso, recuavam.

Uma história baseada em acontecimentos reais, que traz uma narrativa triste de um período que não deveria nunca ter acontecido, mas que nos deixa uma lição de amor, resistência e perseverança, por meio da força de uma menina de 14 anos, que combatia os nazistas com armas nada letais, os livros.

Livro: A Bibliotecária de Auschwitz

Autor: Antônio G. Iturbe

Publicação: Editora Planeta

Páginas: 365 páginas