105 filmes serão exibidos nas mostras da 14ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto

105 filmes serão exibidos nas mostras da 14ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto

Pioneira desde sua criação (2006) a enfocar a preservação audiovisual, memória, história e a tratar o cinema como patrimônio, a CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto chega a sua 14ª edição, de 5 a 10 de junho de 2019,  reafirmando o propósito de ser um instrumento de reflexão e luta pela salvaguarda do rico e vasto patrimônio audiovisual brasileiro em diálogo com a educação e em intercâmbio com o mundo. 

Idealizada pela Universo Produção, a CineOP foi acolhida de imediato por instituições, técnicos, pesquisadores, historiadores, colecionadores, jornalistas e colaboradores, que a elegeram fórum de reflexões e encaminhamento de ações do setor da preservação. Tornou-se palco de encontros, discussões e decisões do setor de preservação, que clama por atenção e políticas públicas em um mundo hiperacelerado e tecnológico, que muitas vezes se esquece ou negligencia sua própria história. 

Na programação de filmes em 2019, serão 105 títulos (12 longas, 4 médias e 89 curtas), distribuídos nas mostras: Homenagem, Contemporânea, Preservação, Histórica, Educação, Mostrinha e Cine-Escola. As atividades da 14a CineOP ocupam três espaços na cidade: o Cine Vila Rica, a Praça Tiradentes, principal espaço público da cidade que recebe a instalação de um cinema ao ar livre; e o Centro de Artes e Convenções, que será a sede do evento e abriga a programação de oficinas, encontros e debates temáticos do Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros e doEncontro da Educação: XI Fórum da Rede Kino. Toda a programação é gratuita.

A abertura da 14a CineOP será na noite de 6 de junho (quinta-feira), no Cine Vila Rica, a partir das 20h30, com homenagem e entrega do Troféu Vila Rica ao diretor Edgard Navarro. O cineasta baiano estará no evento comemorando 70 anos de idade e 30 anos do lançamento de seu trabalho mais conhecido, “Superoutro” (1989). O média-metragem será exibido na noite inaugural, junto ao curta “Exposed” (1978), antecedido de uma performance audiovisual. 

A programação do evento é estruturada em três eixos principais: PreservaçãoHistória e Educação. O tema central desta edição é “Territórios regionais, inquietações históricas”.  Esta abordagem foi definida  a partir da proposta de se pensar, num país de dimensões continentais, as particularidades das regiões e dos territórios que compõem o Brasil. Diante da dimensão física, social, histórica e humana brasileira, as três equipes de curadoria, se guiaram pela noção de território, suas especificidades e forças propositivas, interligando as conversas sobre a história do cinema, patrimônio audiovisual e educação. O cinema, assim, une os três eixos por ser, em todas as etapas, espaço de formação para uma comunidade e um território que ajuda a dar identidade ao país, ao mesmo tempo em que pensa suas principais questões e contradições. 

TEMÁTICA HISTÓRICA 

A curadoria de Francis Vogner dos Reis e Lila Foster buscou trabalhar o conceito de territórios na busca por um cinema do passado que desse conta das infinitas possibilidades de sentido da palavra. A escolha foi destacar núcleos de produção regionais que, na força de suas geografias, romperam barreiras e fronteiras do eixo Rio-SP. Algumas das experiências a serem apresentadas com filmes e mesas de debate vêm da Porto Alegre dos anos 1980, com a Casa de Cinema; de trabalhos coletivos, como o Grupo Mel de Abelha, do Piauí, e a Corcina (Cooperativa dos Realizadores Cinematográficos Autônomos), do Rio de Janeiro; e de eventos de formação e compartilhamento, como a Jornada de Cinema da Bahia, os festivais de Super-8 nos anos 1970 e o Cineclube Antônio das Mortes, de Goiás.

 “Os paradigmas históricos do cinema brasileiro passam pelos chamados ciclos regionais (Recife, Cataguases, Campinas), que são limitados por se fixarem em filmes de ficção e por terem Rio-SP como ponto central. Tem-se discutido superar esses recortes na tentativa de expandir o percurso histórico dos vários cinemas brasileiros que se formaram ao longo das décadas para além desses ciclos regionais”, destaca a curadora Lila Foster. Na programação da Mostra Histórica, há filmes como “Inverno” (Carlos Gerbase, 1983), “O Milagre de Lourdes” (Carlos Alberto Prates Correia, 1965) e “A Luminosa Espera do Apocalipse” (Rui Vezzaro, Fernando Severo e Peter Lorenzo, 1980), entre vários outros. 

A mesa “Circuitos regionais e cinema independente” vai expandir a experiência dos filmes e promover a reflexão em torno da temática. Estarão presentes Alice Dubina Trusz, historiadora com pesquisa sobre a origem dos espetáculos de cinema em Porto Alegre e autora do livro “Verdes Anos: Memórias de um Filme e de uma Geração”; e os cineastas Sérgio Péo e Sylvio Lanna, ambos com filmes na programação.

Nesse contexto se insere a homenagem a Edgard Navarro, cineasta baiano que desde os anos 1970 vem sendo referência na produção fora do eixo Rio-SP, valorizando seu próprio ambiente, território e experiências de vivência em sua cultura e sua terra. “Navarro é uma súmula do modernismo brasileiro, passando pelo tropicalismo, Cinema Novo, underground, música popular e psicanálise”, destaca Francis Vogner dos Reis, que, junto com Lila Foster, decidiu por celebrar a obra do diretor por suas características singulares num cinema produzido à margem dos grandes centros e de repercussão histórica e mundial. Dele serão exibidos, além dos filmes da abertura, os curtas “Lin e Katazan” (1979), “O Rei do Cagaço” (1977), “Porta de Fogo” (1984) e “Talento Demais” (1995). Uma roda de conversa com Navarro, aberta a todo o público, será realizada durante a mostra. 

TEMÁTICA PRESERVAÇÃO 

Na Temática Preservação, a proposição é  “A regionalização e a formação do patrimônio audiovisual brasileiro”. Com curadoria de Ines Aisengart Menezes e José Quental, o recorte dedicado à preservação discute ações e políticas regionais voltadas à manutenção e cuidados com acervos audiovisuais em território brasileiro. Setor estratégico que historicamente recebe pouca atenção do governo, a preservação se complica ainda mais quando saímos dos grandes centros e adentramos nos arquivos de estados distantes de Rio de Janeiro e São  Paulo. Onde estão os arquivos? Em que condições? Existem políticas estaduais ou regionais para sua manutenção? Quais os desafios enfrentados por instituições de salvaguarda que não estão no centro das ações públicas de âmbito nacional? 

“O tema da regionalização no campo da preservação apareceu com força em 2018 durante a CineOP e confirmou um sentimento que tínhamos sobre a necessidade de trazer ainda mais para perto os profissionais de arquivo que não participaram das mesas de discussão no ano passado”, conta José Quental. A partir dessa constatação, os curadores pensaram em discutir a concentração do patrimônio audiovisual, que vem sendo alterada nas últimas décadas, numa crescente e rica produção de novos filmes, com propostas estéticas e modelos de produção alternativos emergindo em diferentes regiões e estados. 

O fenômeno é fruto tanto de uma descentralização dos investimentos e das políticas de apoio à produção num nível federal quanto da criação de mecanismos locais de apoio à difusão dessas obras, em particular os festivais de cinema. Diversas organizações regionais também se estruturaram para responder demandas mais localizadas dos arquivos e algumas de suas ações estarão em debate na Mostra, em mesas como “A preservação audiovisual frente às tecnologias digitais” e estudos de caso. 

Na programação de filmes, a Mostra Preservação exibe e discute, entre outros, “Rio da Dúvida” (2018), no qual Joel Pizzini recria material de arquivo original da Comissão Rondon e do acervo Memória Civelli, com depoimentos de caciques das etnias Pareci, Nhambiquara, Sabanê e Cinta Larga e de familiares de Rondon; e curtas históricos brasileiros e franceses de diversas épocas e regiões. 

TEMÁTICA EDUCAÇÃO

Na Temática Educação, com curadoria de Adriana Fresquet e Clarisse Alvarenga, o enfoque é “Mulheres: terras e movimentos”. O propósito será refletir sobre a atuação das mulheres no campo do Cinema e da Educação, tendo como ponto de partida o vínculo com a terra, com os territórios e espaços que elas ocupam na sociedade. Trazem para o debate Filmes e Projetos Audiovisuais Educativos que abordam os movimentos que as mulheres fazem ocupando desde os lugares específicos onde vivem, no ambiente doméstico, familiar, privado e as intervenções que elas empreendem nos espaços públicos, incluindo escolas, cidades, aldeias indígenas, quilombos, organizações da sociedade civil ou instituições públicas, urbanas, do campo, indígenas ou quilombolas. 

Os debates do Encontro da Educação: XI Fórum da Rede Kino (Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual) reúnem anualmente dezenas de profissionais em torno da temática em questão e pretendem, em 2019, dedicar atenção ao cotidiano nas escolas e entender de que forma é possível, pelas políticas de ensino, resistir e interrogar ativamente o mundo ao redor. Na grade de exibições, foi definida a apresentação e debate de 35 filmes e 12 projetos, com foco na construção da história e da memória da mulher na escola e suas intervenções e alterações no espaço pedagógico. 

Nas mesas, a temática será explorada em encontros como “Mulheres, terras e territórios”, que vai reunir Célia Xakriabá (professora e ativista do movimento indígena) e Mãe Efigênia (Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango) para comentarem as experiências singulares de pedagogia e aprendizado em seus espaços de ação e cultura; e “As mulheres negras no cinema”, com Alexia Melo (arte-educadora e realizadora audiovisual), Janaína Oliveira(pesquisadora e curadora) e Makota Kidoiale (coordenadora do projeto Kizomba). 

FILMES | MOSTRA CONTEMPORÂNEA 

Na seleção de longas e médias-metragens contemporâneos, Francis Vogner dos Reis e Lila Foster buscaram trabalhos que, de alguma forma, dialoguem com a memória, o arquivo e as noções de território e espaço que permeiam a Mostra em 2019. Chegaram a um conjunto de sete títulos em pré-estreia que vão de perfis de personalidades do audiovisual à abordagem etnográfica de comunidades e culturas específicas. 

“O cinema brasileiro recente tem, cada vez mais, buscado reconstituir parte da história do país e do próprio fazer cinematográfico, uma história que ainda não foi organizada devidamente”, diz Francis. “São personagens, espaços e olhares que testemunham as próprias narrativas e nos apresentam a elas. E todos os filmes são dirigidos por profissionais que lidam com esses resgates, tendo por objetivo ressignificar o presente. A ausência de memória certamente auxiliou para que estejamos nessa atual crise macropolítica no Brasil e os filmes contemporâneos desse ano na CineOP tentam resgatar algo do passado que se reconfigure nos dias de hoje e nos ajude a olhar pro futuro”, complementa.  

Entre os títulos, estão “A Mulher da Luz Própria”, de Sinai Sganzerla, que documenta sua mãe, a atriz e diretora Helena Ignez; “Carvana”, de Lulu Corrêa, sobre a trajetória do ator Hugo Carnava; “Gilda Brasileiro, Contra o Esquecimento”, de Roberto Manhães Reis e Viola Scheuerer, que investiga uma estrada clandestina usada por traficantes de escravos no século XIX e da qual ninguém parece querer falar a respeito; e “Até Onde Pode Chegar um Filme de Família”, de Rodolfo Nazareth Junqueira Fonseca, em que imagens de arquivo de Aristides Junqueira, pioneiro do cinema em Minas Gerais e natural de Ouro Preto, servem de reflexão sobre o começo da produção de filmes no país. 

Na seleção de curtas-metragens, a cargo de Camila Vieira, os 14 títulos contemporâneos são marcadas especialmente pela apropriação das imagens de arquivo como orientação para compreender os ecos do passado no presente e a experimentação da forma cinematográfica na exploração ou mesmo textura da película como marca estética para criar narrativas. O uso desses registros são variados. Filmes como “Arara – Um Filme Sobre Um Filme Sobrevivente”, de Lipe Canêdo, vai ao Museu Nacional do Índio para encontrar imagens do recrutamento e treinamento de indígenas como policiais militares, forçados a reproduzir táticas de violência e tortura na ditadura militar. Ou mesmo “Sem título #5: A Rotina terá seu Enquanto”, no qual Carlos Adriano presta homenagem ao diretor japonês Yasujiro Ozu através das imagens de seus filmes e de filmes de viagem. 

DEBATES, DIÁLOGOS DA PRESERVAÇÃO E DA EDUCAÇÃO 

Parte fundamental da programação da CineOP é a realização do Encontro Nacional de Arquivos e o Encontro da Educação, que reúne dezenas de profissionais do audiovisual, preservacionistas, técnicos, pesquisadores, acadêmicos em  debates, discussões e trocas de ideias, criando uma extensão fundamental de reflexão para além da exibição de filmes. Neste ano, serão promovidos 26 debates conta com 75 profissionais, entre críticos, jornalistas e pesquisadores de cinema e outras áreas artísticas. 

OFICINAS 

Desde sua primeira edição, em 2006, a CineOP promove oficinas audiovisuais, visando à formação e capacitação para o mercado de cinema e criando oportunidades para novas gerações de atores e realizadores. Trata-se de uma iniciativa de vanguarda no circuito de mostras e festivais, sempre em processo de aprimoramento. 

Em 2019, são três oficinas e um workshop internacional, com a oferta de 150 vagas para atender públicos e interesses diversos, de olho na qualificação e desenvolvimento da indústria audiovisual em Minas Gerais e no Brasil. As oficinas são sempre gratuitas. As inscrições estão abertas até 30 de maio pelo site www.cineop.com.br. 

SESSÕES CINE-ESCOLA 

Integra a programação das edições anuais da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto o Cine-Expressão – A Escola Vai ao Cinema, programa que une as linguagens cinema e educação com a oferta de uma agenda gratuita e personalizada para atender educadores e estudantes a partir de cinco anos. 

O Cine-Expressão é um programa socioeducacional-cultural com foco na formação do cidadão, a partir da utilização do audiovisual no processo pedagógico interdisciplinar. É uma iniciativa que possibilita conscientizar, sensibilizar e envolver o universo educacional no contexto do audiovisual, por meio da promoção de sessões cine-escola, cine-debates, lançamento de livros, encontros e debates dirigidos a estudantes e educadores. 

Nessa edição, estima-se que mais de 3.000 alunos da rede de ensino de Ouro Preto de 15 escolas sejam beneficiados pelo o programa Cine-Expressão, com oito sessões de cine-escola e exibição de dois longas-metragens e nove curtas brasileiros. 

MOSTRINHA 

A criançada tem diversão garantida na Mostrinha, em sessão de cinema que vai agradar o público infantojuvenil e toda a família. Os personagens da Turma do Pipoca marcam presença.  A Mostrinha tem o objetivo de inserir novos olhares e plateias para o cinema brasileiro. 

ARTES 

Repetindo a bem-sucedida parceria cultural com o Sesc em Minas, a programação artística da CineOP inclui cortejo da arte, roda de conversa, performances e shows que prometem agitar as noites ouropretanas e valorizar grupos locais, além de artistas de destaque na cena regional e mineira que se relacionam com as temáticas e debates propostos. 

A curadoria artística, desenvolvida pela equipe do Sesc em Minas, partiu da temática “Territórios Regionais” e definiu artistas, grupos, bandas para apresentações diárias. O Sesc Cine-Lounge Show será instalado no Centro de Artes e Convenções e se estabelece como um espaço de múltiplas e amplas possibilidades de encontro, entretenimento e diálogo do cinema com as outras artes. 

SERVIÇO

 14ª CINEOP – MOSTRA DE CINEMA DE OURO PRETO | 5 a 10 de junho de 2019 

LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA

LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA

Patrocínio:  CEMIG |GOVERNO DE MINAS GERAIS

Parceria Cultural: Sesc em Minas

Parceria: Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

Apoio: Oi, Instituto Universo Cultural, Café 3 Corações,  Prefeitura de Ouro Preto, Embaixada da França no Brasil, Rede Globo Minas, Centro de Artes e Convenções de Ouro Preto, DotCine, PMMG

Incentivo: SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA| MINAS GERAIS

Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO

SECRETARIA ESPECIAL DE CULTURA| MINISTÉRIO DA CIDADANIA | GOVERNO FEDERAL

 

LOCAIS DE REALIZAÇÃO DO EVENTO:

Cine Vila Rica

Praça Tiradentes

Centro de Artes e Convenções de Ouro Preto