“Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal” | Crítica
Joe Berlinger com certeza não sabia o que estava fazendo ao adaptar a história de um dos maiores serial killers da História. Ao fotografar o rosto de seu protagonista, Zac Efron, com uma luz totalmente acinzentada, não restavam ali dúvidas a respeito do lado escolhido pelo diretor.
Apesar de criar uma possível abertura simplista ao caso, e sua narrativa ser mais desenvolvida pelo lado do próprio Bundy; é a luz que entrega as intenções macabras do projeto, que não é humanizar o monstro, e sim enxergar o seu lado mais destoante.
Outro ponto interessante é a não sexualização do corpo de Zac Efron, mesmo que a obra observe o princípio de histeria que o assassino causou no público feminino, que saiu em defesa do mesmo basicamente por sua aparência sedutora.
O que se vê ali é um personagem em desconstrução, até chegar em sua verdade, e infelizmente se encerram aí os pontos positivos do filme em sua construção dramática. Ou seja só temos um amontoado de clichês que não complementam o filme de forma interessante o suficiente para criar um diferencial.
O roteiro é o primeiro com a assinatura de Michael Werwie e esteve na chamada ‘black list’ – que trata os textos na área do não filmável, por inúmeros motivos. Joe Berlinger dá ao roteiro suas sacadas, porem acaba por realçar suas deficiências, por exemplo o típico sumiço de personagens em biografias e o surgimento tardio de outros.
Mesmo tendo reunido um elenco bastante acima da média, todos ali não estavam empenhados em suas funções.
A dupla vivida por Lily Collins e Kaya Scodelario nem de longe tem um bom desempenho. O juiz vivido por John Malkovich e os advogados Jim Parsons e Brian Gherarty tem pouco espaço de desenvolvimento e essa situação só acaba desintegrando ainda mais o resultado do filme.
“Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal” é um filme que infelizmente tem poucos méritos e é a típica produção que tira oportunidades dessa nova geração de Hollywood que tentam se mostrar fora de papéis corriqueiros. E por não se tratar de algo diferente do que já foi mostrado no cinema, é justo afirmar que esta obra mal produzida logo sairá da memória das pessoas.
No futuro, se tornará apenas mais um filme sobre um serial killer feito por Hollywood.