“Eu Sou Mais Eu”
E se você voltasse ao passado com um intuito de entender onde foi que as coisas começaram a mudar na sua vida, que como consequência te deixaram no presente uma pessoa diferente, com ideais e perspectivas totalmente o oposto nas quais você julgava como certo ou errado. Essa premissa te parece familiar? É mais ou menos isso que o novo filme da Youtuber e Atriz Kéfera Buchmann trata.
“Eu Sou Mais Eu“, dirigido por Pedro Amorim (“Divórcio“, “SuperPai” e “Mato Sem Cachorro“) narra a história de Camila Mendes, uma cantora bem-sucedida, que tem sido a grande aposta da música POP no país nos últimos anos. Com estilo de vida e uma personalidade bem fútil, um dia ela volta no tempo com a missão de “se encontrar”, e questionar no que suas atitudes á transformaram, e o que a impede de ser mais ela mesma.
Com a ajuda do seu melhor amigo da adolescência Cabeça (João Côrtez), ela irá reviver muitos dos seus traumas, e tentar encarar de frente sua arqui inimiga Drica (Giovanna Lancellotti), que foi responsável por grande parte das “brincadeiras” que a constrangeu e a traumatizou.
Com uma premissa já até meio batida de tão utilizada no cinema americano, o filme tenta trazer a juventude no ano de 2004 no Brasil, mas com muitos dos estereótipos de típicos “Teen Movies”, o que de certa forma entretém, mas levado ao pé da letra perde um pouco a personalidade.
Faltou uma imersão maior nos anos 2000. Tiveram sim muitas referências, que provavelmente causará momentos de risos em quem assistir, mas os diálogos e as situações em grande parte pareciam atuais demais. Sonoridades, gírias e ambientação mais tradicional poderiam ter sido mais caprichados.
É nítida entrega de Kéfera para interpretar a protagonista Camila, onde ela encarna de uma garota superficial até uma jovem adolescente que passa por problemas de bullying na escola. Ela merece ser elogiada, mas ainda aparenta estar na zona de conforto da influencer, por mais caracterizada que ela estivesse dentro da personagem.
Um dos pontos interessantes e realmente diferentes no roteiro foi fazer um laço de amizade entre os protagonistas sem a necessidade de romantizar, apenas pelo fato de se tratar de um homem e uma mulher. A relação da Camila e do Cabeça, não passou de amizade e isso é ótimo, provando e quebrando os clichês sobre esse assunto relacionado à sexos opostos.
Enfim, uma versão nacional de “De Repente 30” com um roteiro um pouco mais preguiçoso, mas que garante sim risadas, uma identificação fácil por parte do público com o que é apresentado, e que até tem sua parcialidade mais emocional.
“Eu Sou Mais Eu” tem grandes qualidade e para quem curte o trabalho do diretor e de Kéfera sairá do cinema satisfeito, se o que esperam é mais uma comédia nacional voltada para jovens sem grandes surpresas em seus desenvolvimento.